“[…] Falo dos fins de tarde que chegam cedo, dos pais que voltam para casa de saco de plástico na mão […], dos barbeiros que se queixam de que, depois das crises, as pessoas se barbeiam menos vezes; falo dos marinheiros que, de balde na mão, limpam os velhos vapur do Bósforo […], falo das crianças que jogam à bola nas ruas estreitas e empedradas, por entre os carros; falo das mulheres de lenço islâmico que, de saco de plástico na mão, esperam em silêncio, numa paragem perdida, um autocarro que decididamente não chega […] Falo dos velhos de turbante que vendem nos pátios das mesquitas opúsculos religiosos, rosários e unguentos de peregrinos […], das muralhas da cidade, herdadas de Bizâncio, num estado de decrepitude avançado, dos lugares de mercado que se esvaziam à noite […], das gaivotas que se mantêm imóveis debaixo de chuva […].”