O Shin Bet, uma das organizações dos serviços secretos de Israel, juntou-se ao ministro da Defesa, Yoav Galant, é aconselha o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu a evitar o aumento dos conflitos na Cisjordânia – para que um novo foco de contestação não se acrescente àquele que já existe na Faixa de Gaza. Este fim-de-semana, Galant disse – contrariando afirmações em sentido contrário do próprio primeiro-ministro – que a Autoridade Palestiniana, que controla a Cisjordânia, deve ser considerada como interlocutor por parte de Israel. Agora, são os serviços secretos internos que pedem o mesmo. E vão mesmo mais longe: apresentaram um documento alertando o primeiro-ministro a agir com urgência para evitar um surto iminente na Cisjordânia e aconselhando a que a extrema-direita que faz parte do governo de crise seja instada a deixar de lançar mais tensão sobre a Cisjordânia.
Aquele serviço de segurança pede a Netanyahu que reverta as decisões do gabinete tomadas após 7 de outubro de reter centenas de milhares em receitas fiscais que Israel arrecada em nome da Autoridade Palestiniana e pare de impedir o regresso de cerca de 150 mil palestinianos que vivem na Cisjordânia mas trabalham em Israel.
O Sçhin Bet alertou para que as políticas levadas a cabo pelo gabinete de crise correm o risco de colapsar uma Autoridade Palestiniana que está sem fundos. A imprensa israelita afirma que a Autoridade não consegue pagar aos seus funcionários, incluindo membros de serviços de segurança há meses, O documento do Shin Bet afirma que este estado de coisas pode levar as forças da Autoridade a pegar em armas contra Israel após décadas de cooperação com as forças de segurança do Estado hebraico (IDF) que tem permitido manter alguma estabilidade na Cisjordânia.
Os Estados Unidos também pediram a Israel que liberte as receitas fiscais da Autoridade – se não o fizerem. A Casa Branca é de opinião que Israel corre o risco de abrir outra frente de confronto na Cisjordânia além da guerra em Gaza. O que, por outro lado, levará muito provavelmente ao aumento dos confrontos, como retaliação, com o Hezbollah na fronteira com o Líbano.
Mas, segundo a imprensa israelita, Netanyahu ainda não cedeu e continua a apoiar, ou pelo menos a não contrariar, os ministros de extrema-direita Itamar Ben Gvir (Segurança) e Bezalel Smotrich (Finanças), de cujo apoio precisa para manter o gabinete de crise. Segundo as mesmas fontes, Netanyahu teria entrado em contato com o presidente dos Emirados Árabes Unidos, Mohammed bin Zayed, perguntando se Abu Dhabi estaria disposta a financiar a Cisjordânia, mas o líder dos Emirados terá rejeitado categoricamente o pedido.
O documento da ‘secreta’ diz que os alertas sobre a questão da Autoridade Palestiniana foram transmitidos pelo chefe do Estado-Maior das IDF, tenente-general Herzi Halevi, e outros comandantes militares de topo, que disseram que Israel arrisca uma nova frente na Cisjordânia. Yoav Gallant, e o ministro Benny Gantz também foram avisados sobre a possibilidade de ocorrerem grandes distúrbios na Cisjordânia.
O ex-ministro da Justiça Gideon Sa'ar (Unidade Nacional), ministro sem pasta na atual coligação, disse esta segunda-feira que rejeita a ideia de permitir que trabalhadores palestinianos da Cisjordânia entrem em Israel para trabalhar, apesar dos alertas. "Deixar trabalhadores do território de uma população inimiga entrarem em Israel durante uma guerra é um erro terrível que custará sangue", disse, citado pelos jornais de Israel.
Sa'ar também não é a favor de um cessar-fogo permanente como parte de um acordo para a libertação de reféns mantidos em Gaza. Parar a guerra sem derrotar o Hamas é impensável, afirmou. “Não há alternativa a não ser a pressão militar”.