Entre 15 a 19 de janeiro de 2024 – mas principalmente a partir desta terça-feira – o mundo volta a estar focado em Davos, na Suíça, para mais uma reunião do Anual do Fórum Económico Mundial. O foco estará nas intervenções esperadas da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, no presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e do primeiro-ministro chinês Li Qiang. É aqui que são esperados discursos duros – para além do que são as palavras de sempre, umas esperançosas outras nem tanto. Para além do que se está a passar na Palestina e na Ucrânia, os líderes mundiais também deverão discutir o problema da recessão – que não está ultrapassado. Aliás, a questão até tem regressado ao topo da agenda política dadas as possíveis e muito negativas repercussões da investida dos radicais islâmicos sobre os navios que atravessam o Mar Vermelho para usarem o Canal do Suez.
O momento dificilmente podia ser mais complexo: com duas guerras ativas no ‘primeiro mundo’ – na Palestina e na Ucrânia – e uma emergência planetária em termos ambientais, o fórum irá debruçar-se sobre os temas do desenvolvimento sustentado, mas sempre com um fito nos problemas de sempre: os solavancos da geoestratégia, e o facto de uma parte do mundo não cumprir aquilo que é determinado por sucessivas COP’s.
Num contexto em que o lema do fórum é ‘Reconstruindo a Esperança’ e "num momento em que os desafios globais exigem soluções urgentes, a colaboração público-privada inovadora é necessária para converter ideias em ação", disse Borge Brende, presidente do fórum, na apresentação de mais um encontro mundial. "O Fórum fornece a estrutura para o desenvolvimento de pesquisas, alianças e estruturas que promovem a cooperação orientada por missões ao longo do ano. A reunião anual desta semana servirá como um acelerador dessa cooperação, aprofundando os contactos entre os líderes e entre as iniciativas", afirmou.
No quadro do debate está o Relatório de Riscos Globais, um manancial de temores que, apesar de tudo, oferece uma nota de esperança, como afirmou Bob Sternfels, da McKinsey & Company, no lançamento do fórum: “é claro que em algumas dimensões, o mundo está cada vez mais dividido, mas o barómetro mostra que, quando se olha para o quadro completo, a cooperação global permaneceu surpreendentemente robusta na última década”.
A ação climática está na linha da frente das preocupações de Davos. Duas iniciativas terão lugar: a CEO Climate Leaders e a First Movers Coalition. A aliança de CEO pelo clima conta com mais de 120 empresas de 26 países e de 12 indústrias. O objetivo é “construir uma rede influente de líderes de negócio de diversos setores e regiões, com o poder de acelerar o ritmo da ação climática”, refere a organização.
Entre estes líderes está o CEO da EDP, Miguel Stilwell d’Andrade. O gestor vai estar em Davos, com a administradora executiva da EDP Vera Pinto Pereira. “A EDP irá dar o seu contributo no debate e na definição de soluções que garantam um futuro mais inclusivo, justo e sustentável”, refere a elétrica em comunicado
Na agenda de sessões do evento contam-se nomes fortes das áreas da energia e do clima, como Fatih Birol, o líder da Agência Internacional da Energia, que esta terça-feira é um dos oradores da sessão ‘Transformar a procura de energia’. A ativista Jane Goodall, o investidor Ray Dalio, a portuguesa Mafalda Duarte (CEO do Green Climate Fund) e Kristalina Georgieva, serão algumas das vozes que falarão sobre o clima.
Os ausentes
De qualquer modo, os analistas antecipam que a pessoa mais comentada em Davos não estará nem perto do resort de montanha suíço: Donald Trump estará a 7.500 quilómetros de distância em Iowa, iniciando a sua tentativa de conquistar o direito a representar os republicanos nas presidenciais de novembro próximo. Mas Trump não é a única figura política proeminente ausente do encontro, cujo tema oficial é ‘Reconstruindo a confiança’. O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, e primeiro-ministro britânico Rishi Sunak não comparecem.
Os 2.800 líderes empresariais e políticos que fizeram a viagem ouvirão o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, o presidente francês, Emmanuel Macron, e o recém-eleito presidente argentino, Javier Milei. O secretário de Estado, Antony Blinken, e Jake Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, representarão o governo do presidente Joe Biden.
Sonae também presente
Outra portuguesa que estará em Davos será a CEO do grupo Sonae. Cláudia Azevedo estará na sessão que tem como tema ‘The Race to Reskill’, sendo que deverá abordar a questão da requalificação a nível europeu, dando o exemplo da Sonae, nomeadamente do programa europeu R4E e do programa português PRO_MOV. Recorde-se que o PRO_MOV by Reskilling 4 Employment é o programa nacional que se insere na iniciativa europeia Reskilling 4 Employment (R4E), concebido pela European Round Table for Industry (ERT), fórum europeu de executivos cuja missão passa pela promoção da competitividade e a prosperidade na Europa, promovendo a formação de profissionais para os empregos de futuro através da requalificação e integração no mercado de trabalho.