Talvez o dia 10 de março deste ano seja um dos momentos-chave: nessa sexta-feira, o Irão e a Arábia Saudita anunciaram ter aceitado, com mediação da China, empreender esforços para o estabelecimento de relações diplomáticas. Meio ano depois, a mais recente cimeira dos BRICS tornava claro e não apenas uma suspeita que a geoestratégia global estava a mudar. Desde então, o Médio Oriente já não é o mesmo de há uns anos – e talvez o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que regressou à esfera do poder apenas em dezembro passado, não se tenha apercebido. Mas podia ter lido os sinais: o presidente norte-americano, Joe Biden, não teve agenda, vontade ou vagar de ir cumprimentar o regressado primeiro-ministro ou de o convidar para a Casa Branca – o que em pouco tempo passou a ser um facto político.