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Israel estende campanha militar terrestre ao Sul de Gaza

Palestinianos dizem que não têm para onde fugir e os representantes da ONU corroboram. Entretanto, as águas do Mar Vermelho estão cada vez mais instáveis: o Iémen ataca, mas não é claro que queiram atingir navios dos EUA.

Intensos ataques aéreos israelitas atingiram o sul da Faixa de Gaza esta segunda-feira. Tropas e tanques israelitas também pressionaram a região numa campanha terrestre contra o Hamas no sul do enclave, depois de terem conquistado o controlo do norte. Este avanço sobre o sul de Gaza dá-se depois de terem expirado os seis dias de cessar-fogo que permitiu a troca de reféns por prisioneiros palestinianos – e surge apesar de a comunidade internacional ter recomendado moderação a Israel no reatar dos combates.

Israel não só não aceitou estender o cessar-fogo, como tem demonstrado a mesma agressividade para com os palestinianos que vivem no enclave. Só no domingo, e segundo algumas fontes – terão morrido 700 palestinianos debaixo do fogo israelita.

Segundo a imprensa israelita, na manhã desta segunda-feira, Israel ordenou que os palestinianos deixassem partes da principal cidade do sul de Gaza, Khan Younis, mas os moradores disseram que as áreas para as quais foram orientados também foram alvo de fogo. O chefe da agência das Nações Unidas para os refugiados palestinos em Gaza (UNRWA), Thomas White, parece ter a mesma opinião: "as pessoas estão a pedir conselhos sobre onde encontrar segurança, mas não temos nada para lhes dizer".

Cerca de 80% dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza fugiram das suas casas desde 7 de outubro e já terão morrido quase 16 mil palestinianos – sendo que mais de 7% era mulheres e crianças ou jovens até aos 18 anos.

Ataques no mar vindos do Iémen

Entretanto, um contratorpedeiro da Marinha dos Estados Unidos destruiu três drones durante um ataque no Mar Vermelho este domingo, disse o Pentágono, no que pode sinalizar outra escalada nos ataques entre militares norte-americanos e militantes apoiados pelo Irão.

Uma fonte do Pentágono citada pela agência Reuters disse que a Marinha norte-americana destruiu os aparelhos, que estavam a ser usados para atingirem navios comerciais nas proximidades do Mar Vermelho. As diversas notícias sobre os acidentes parecem indicar não um ataque específico a navios de guerra norte-americanos, mas antes um ataque a um comboio marítimo que também terá acertado em navios de guerra que faziam a escolta dos navios comerciais.

O contratorpedeiro intercetou três drones durante o ataque, disse o Comando Central dos Estados Unidos em comunicado, incluindo um que se dirigia na direção do USS Carney. O Pentágono disse que não houve feridos a bordo do contratorpedeiro e que o navio não foi danificado e também não deixou claro que o navio de guerra era o alvo do ataque.

Ainda segundo a Reuters, o Comando Central disse que os ataques tiveram origem no Iémen, em regiões que são controladas pela milícia houthi, apoiada pelo Irão. Um porta-voz militar houthi, Yahya Sarea, disse também em comunicado que a milícia tinha como alvo dois navios israelitas na área do estreito de Bab al-Mandeb, no sul do Iémen, mas não mencionou o navio militar norte-americano. Em outubro, o Carney destruiu três mísseis de cruzeiro e vários drones lançados do Iémen que, segundo o Pentágono, estavam a caminho de Israel.

Para os analistas, é evidente que se houvesse evidências de que o alvo seria a Marinha dos Estados Unidos, a Casa Branca teria que dar outro tipo de resposta, mas o que aconteceu este domingo deixa claro os riscos de que a guerra em Gaza possa transformar-se num conflito mais amplo. Aliás, o Comando disse que "temos todas as razões para acreditar que estes ataques, embora lançados pelos houthis no Iémen, são totalmente permitidos pelo Irão. Os Estados Unidos considerarão todas as respostas apropriadas em plena coordenação com os seus aliados e parceiros internacionais".