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Israel: Economia continua a desiludir com turismo e sector tecnológico em dificuldades

A economia do Médio Oriente voltou a recuar em termos homólogos, marcando o terceiro trimestre seguido com crescimento homólogo negativo, com o turismo em colapso desde outubro. Sector tecnológico também tem sofrido e investimento enfrenta dificuldades acrescidas com cortes de rating.

Pressionada pela ofensiva em Gaza e pela ameaça de um conflito aberto com a região, a economia israelita continua a dar sinais de fraqueza, criando dúvidas sobre o ‘milagre económico do Médio Oriente. O PIB no segundo trimestre cresceu apenas 0,3% em cadeia, muito abaixo da média dos últimos 40 anos, enquanto o turismo e o sector tecnológico continuam em forte queda. Em resultado, mais de 40 mil empresas fecharam já portas e os títulos de dívida negoceiam próximo de valores coincidentes com lixo especulativo – e as perspetivas não são as mais animadoras.

O crescimento no segundo trimestre foi de apenas 0,3% em Israel, ou 1,2% em termos anualizados, muito abaixo das projeções de 4,4% dos analistas. Em termos homólogos, o país registou o terceiro trimestre seguido de contração, recuando 1,35% em relação a igual período do ano passado, agravando ainda mais o recuo de 1,24% dos primeiros três meses do ano.

Ajustado à população, o PIB per capita contraiu 0,4% no período em análise.

Esta performance é indissociável da ofensiva militar em Gaza, que levou também ao agravamento das trocas de artilharia com o Hezbollah na fronteira com o Líbano e a mais tensões com o Irão e os seus parceiros regionais, os Houthis no Iémen e as milícias xiitas no Iraque e Síria. Desde então, o turismo, um dos sectores mais importantes da economia israelita, colapsou, com uma onda de insolvências e o capital de risco a secar.

No que respeita à hospitalidade, as receitas do sector afundaram logo no final do ano passado, caindo de 1,4 mil milhões de dólares (1,26 mil milhões de euros) no terceiro trimestre para 464 milhões de dólares (417,6 milhões de euros) no quarto trimestre, segundo dados da consultora CBS. No primeiro semestre deste ano, o país recebeu 501 mil visitantes, muito abaixo dos 2,1 milhões do ano anterior.

Ainda em julho, um relatório da consultora CofaceBDI estimava que à volta de 60 mil empresas fechassem portas durante 2024, sendo que os dados avançados pelo jornal israelita ‘Maariv’ falam em 46 mil falências no país na primeira metade do ano. Destas, 77% eram micro ou pequenas empresas.

Sendo um hub tecnológico e de start-ups, o investimento e capital de risco desempenhavam um papel crucial na economia israelita pré 7 de outubro, mas o deteriorar da situação interna tem dificultado o acesso aos mercados. A Fitch (normalmente a agência mais benévola para com o país) foi a terceira a cortar o rating israelita, depois de Moody’s e S&P, mas mantendo a avaliação em terreno positivo.

Ainda assim, o cenário nos mercados é claramente mais negativo. O spread entre os títulos a 10 anos do Estado israelita e dos EUA sugere um rating próximo de BBB ou ainda mais baixo, ou seja, pelo menos três níveis abaixo da avaliação oficial, deixando os títulos próximo do considerado ‘lixo especulativo’.

Numa nota ligeiramente mais animadora, os dados divulgados pelo Instituto RISE, de Israel, fala em níveis de investimento direto estrangeiro (IDE) no segundo trimestre deste ano tocando máximos de 2022, com 2,8 mil milhões de dólares (2,52 mil milhões de euros), mas os detalhes escondem uma realidade mais preocupante: dois terços deste montante foram concentrados em apenas seis empresas, todas elas do ramo tecnológico.