Independentemente de se saber quem tem razão – se os que acham que a crise iraniana foi um ato interno espontâneo motivado pelas más condições económicas da população, se uma movimentação instigada a partir de potências externas – a intromissão dos Estados Unidos no conflito, nomeadamente pela diplomacia (via Twitter) do presidente Donald Trump pode levar à radicalização do regime. Num quadro em que, para além da espuma dos dias, está subjacente ao conflito um choque entre os moderados (liderados pelo primeiro-ministro Hassan Rouhani) e os radicais (comandados pelo aiatola Ali Khamenei) – que demonstram há anos tolerarem-se sem verdadeiramente se entenderem – a crise pode acabar com o sonho de abertura do regime que esteve no âmago do acordo nuclear alcançado em julho de 2015 depois de quase 20 meses de árduas negociações.