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Imprensa espanhola destaca subida dos preços para turistas estrangeiros em Portugal

A imprensa 'vizinha' critica o facto dos museus e monumentos ficarem muito mais caros em 2024 e deixarem de ser gratuitos aos domingos e feriados para os não residentes. "Os preços são sujeitos à inflação e têm vindo a ser corrigidos. Não tenho informação que haja aumentos absurdos", refere ao JE, Francisco Calheiros, presidente da Confederação do Turismo de Portugal.

Depois de ter registado o melhor ano de sempre no turismo em 2023 com receitas de 25 mil milhões de euros, o Governo português parece querer continuar a tirar ainda mais partido desta 'galinha dos ovos de ouro', com um aumento de preços em espaços culturais. A ideia é transmitida pela imprensa espanhola, através de um artigo no jornal "El Economista", onde cita fontes do sector do turismo que apontam para uma atualização quase geral dos preços dos bilhetes para museus, monumentos, palácios ou igrejas que estão sob o controlo da Administração Central.

O artigo recorda as palavras do secretário de Estado do Turismo, Nuno Fazenda na semana passada, onde fez referência ao melhor ano turístico de sempre no país, com mais de 30 milhões de hóspedes, um crescimento de cerca de 10% face a 2019, que tinha sido o melhor ano turístico, e ainda 77 milhões de dormidas e receitas na ordem dos 25 mil milhões de euros, um crescimento de 37% face a 2019 e de 18,5% face a 2022.

De resto, o jornal relembra que em 2023 o Governo deu conta de que os não residentes em Portugal teriam de começar a pagar para entrar em museus, parques, monumentos, etc. sob o controlo do Estado aos domingos e feriados (algo que não acontecia até agora), enquanto os residentes no país gozariam de descontos e de um dia por semana (normalmente domingos) de entrada gratuita.

Uma ideia aponta a imprensa espanhola destacada também pelo ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, no programa "Grande Entrevista" da RTP3 no passado mês de julho. "Vamos fazer uma revisão da bilhética, estamos a terminar isso, que vai colocar a gratuitidade, integral [durante todo o dia], ao domingo e ao feriado para os residentes em Portugal - os portugueses e os estrangeiros que residem em Portugal. Mas os turistas vão passar a pagar ao domingo e ao feriado", referiu, tendo acrescentado que 70% dos visitantes dos museus portugueses são estrangeiros e, dos 30% dos visitantes portugueses, sendo que só 15% pagam o preço integral, o resto tem descontos de 50% a 60%.

Um dos locais que o jornal espanhol destaca que irá sofrer este aumento de preços é o Palácio da Pena, em Sintra, que com a entrada do novo ano viu os preços subirem de 15 para 20 euros por pessoa. Ainda assim, o artigo da imprensa espanhola realça que apesar deste aumento de preços, Portugal continua a ser um dos países mais baratos da Europa ao nível do turismo, segmento que representa 15% da economia e que tem nos turistas franceses, alemães e espanhóis os principais mercados para este crescimento.

"Não tenho informação que haja aumentos absurdos"

Ouvido pelo Jornal Económico (JE), Francisco Calheiros, presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP) desdramatiza o alarme criado pela imprensa espanhola sobre os preços.

"Os preços sujeitos à inflação têm vindo a ser corrigidos. Não são só os museus, é a restauração, a hotelaria, tudo tem sido corrigido. Não tenho informação que haja aumentos absurdos ou diferentes dos outros, é uma correção. Tivemos um ano de 2023 espetacular e não há razão nenhuma para que 2024 não seja igual ou melhor. Tivessemos nós outro aeroporto e vários voos que andamos a recusar estariam cá", afirma o presidente da CTP.

De resto, Francisco Calheiros considera que Portugal tem vindo a ser descoberto cada vez mais e tem tirado partido de ser um país seguro e longe de conflitos militares. "Aqui [Portugal] e nas redondezas estamos em paz. O nosso produto bom e começamos por ter apenas como destino o Algarve, Lisboa e Madeira, mas hoje em dia já descobriram os Açores, o Centro, Norte o Minho", refere.

O Jornal Económico contactou a secretaria de Estado do Turismo, não tendo conseguido obter respostas até à hora de fecho desta edição.