Os portugueses cotados em Wall Street planeiam entrar nos mercados norte-americano e australiano de hidrogénio verde. A Fusion Fuel revelou que já submeteu o pedido de licenciamento da sua tecnologia Hevo-Chain tanto nos Estados Unidos como na Austrália.
“Consideramos o mercado norte-americano crítico para a indústria do hidrogénio e para a Fusion Fuel. A expansão para o mercado norte-americano está na nossa rota. Estamos a trabalhar com parceiros”, disse o presidente-executivo da empresa Frederico Figueira de Chaves numa chamada na quarta-feira.
O Hevo-Chain é um mini-eletrolisador, uma solução modular que pode ser aplicada em projetos de diferentes escalas do KW ao MW, que, segundo a empresa, pode ser facilmente instalado, a custos competitivos.
Sobre o projeto de Bakersfield na Califórnia com 17 megawatts (MW), o responsável adiantou que “todos os grandes projetos nos EUA estão atrasados” por falta de claridade nas regras, o que “não encoraja as pessoas a arriscar dinheiro”.
Quanto à notificação recebida pela Nasdaq, o administrador financeiro Gavin Jones disse que a empresa planeia “submeter um plano” até à data limite de 45 dias (que termina em duas semanas). “Estamos confiantes e confortáveis com o nosso plano e onde está agora o equity. Vamos apresentar o plano”, afirmou, sem dar mais detalhes, prometendo novidades após a entrega.
As regras da Nasdaq Global Market impõem um mínimo de 10 milhões de dólares em equity pelos acionistas. Como não cumpriu, a Nasdaq notificou em maio a empresa para submeter um plano no espaço de 45 dias. Anteriormente, a empresa comunicou ao mercado que “se o plano for aceite, a Nasdaq pode conceder uma extensão de 180 dias da data do aviso para atingir compliance“. Em alternativa, a empresa pode pedir a transferência das suas ações para o índice Nasdaq Capital Market, para empresas em fase inicial e com menor capitalização.
Olhando para os resultados do primeiro trimestre, a companhia não registou receitas nem a entrada de subvenções.
Durante o primeiro trimestre, levantou seis milhões do programa de venda de ações at-the-market (ATM). Desde então, angariou mais 1,15 milhões de dólares ao abrigo deste programa. A empresa recebeu luz verde dos acionistas este ano para aumentar o limite de 20% de venda de ações durante um ano-calendário.
As perdas pré-impostos no primeiro trimestre atingiram os 5,1 milhões de dólares. A companhia conta com 55 milhões de subvenções aprovadas, mas apenas foram pagos 11,3 milhões até á data (valor igual ao final de 2023).
Os ativos não-correntes atingem os 32,4 milhões de dólares, com o balanço de cash nos 1,5 milhões de dólares (mais 400 mil face ao final de 2023). O inventário cresceu dos 3,6 milhões para os 4,3 milhões de dólares, com a posição de equity a subir de 3,7 milhões para quase 5 milhões de dólares desde o final do ano passado.
A empresa também destaca que concluiu a instalação de um sistema Hevo-Chain de 300 kW para uma “grande empresa global de cimento”. E fechou um contrato para instalar um sistema de 100 kW para um cliente hospitalar em Espanha.
Recorde-se que a empresa recebeu luz verde por parte da Comissão Europeia para o seu projeto de produção de hidrogénio verde em Sines. Com o selo IPCEI, tem direito a fundos comunitários para o projeto de 630 MW, com aumento gradual de capacidade. A empresa disse que continua em discussões com “potenciais investidores/off-takers” para o projeto de Sines. E que espera agora iniciar negociações com o Governo, Banco Europeu de Investimento (BEI) e Comissão Europeia sobre financiamento.
Em relação aos outros três projetos (Elvas 4 MW, Azambuja 4 MW, e Aveiro 25 MW), a empresa também está em discussões com investidores e clientes.
Olhando para projetos fora do país e para clientes, a companhia conta com um pipeline de 300 MW em 16 mercados, a maioria em Portugal (190 MW) e Espanha (74 MW). “É um pipeline muito forte”, disse o CEO, com a empresa a apostar em projetos pequenos a médios, em média de 3 MW.