O grupo Boticário está a estudar o mercado português para poder expandir o portefólio de marcas no país – além da “Boticário” e da “Quem Disse, Berenice?” – no próximo ano e abrir novas lojas, embora o número ainda não esteja definido. A garantia foi dada ao Jornal Económico (JE) pela country manager da empresa brasileira em Portugal.
“Estamos a fazer os nossos estudos agora. Viemos de cinco anos muito positivos e de grande avanço aqui, portanto no próximo ano começaremos a diversificar o nosso portefólio e a diversificar os nossos canais. Nos últimos anos, o grupo triplicou a sua faturação. Este ano cresce mais, a dois dígitos, e de forma consistente”, afirmou Rossana Gama ao JE, à margem da apresentação pública do programa “Empreendedoras da Beleza”.
Em 2023, as vendas totais do grupo fundado em Miguel Krigsner – presente em Portugal desde setembro de 1986 – ultrapassaram os 30,8 mil milhões de reais (cerca de 5,5 mil milhões de euros), o que representou um crescimento de 30,5% em relação ao ano anterior e quase o dobro de 2021.
A diretora do grupo Boticário em Portugal diz que há evolução nos três canais – venda direta, online e loja, pelo que os novos espaços da empresa serão conhecidos também em 2025 “Queremos impactar cada vez mais homens e mulheres em vários territórios e a venda direta permitiu-nos também sair de Portugal e expandir para a Europa. O canal digital também segue em crescimento. Recentemente, entrámos na Wells e deixámos de estar só na nossa loja para ir para o multimarca também”, detalha Rossana Gama.
Por cá, existem 60 lojas. No Brasil, o grupo tem ainda as marcas: Eudora, Vult, Mooz, Beleza na Web, Oui, Casa Magalhães, GAVB, Dr. Jones, Truss, Tô Que Tô Cosméticos ou Au Migos, além da Boticário e da Quem Disse, Berenice.
Procuram-se as próximas empreendedoras da beleza
Apesar dos planos de expansão a médio prazo, no curto prazo a missão da empresa é outra: criar mais empresárias e combater o desemprego feminino país. O programa “Empreendedoras da Beleza”, que tem candidaturas abertas até ao próximo dia 9 de junho, serve esse propósito através da oferta de cursos ligados à indústria da beleza gratuitos e com certificação. O objetivo é que a formação certificada para mulheres abra portas iniciarem uma nova profissão ou negócio.
“Queríamos bater o recorde de inscrições – a última vez que vi tínhamos sete mil – e agora queremos bater o recorde de percentagem de conclusões: mais de 40%. Muitas pessoas inscrevem-se, mas acabam por não concluir o curso. Acho que têm de fazer o curso da certificação e depois da venda digital, que são completares”, contou a country manager do grupo Boticário em Portugal, num evento sobre a iniciativa de empreendedorismo, que se realizou na sexta-feira em Lisboa.
Depois de serem ouvidos testemunhos de alumni sobre o que significam estes cursos (crescimento, partilha de conhecimento e oportunidade de criação do próprio emprego), Rossana Gama contou que, há cerca de seis anos, foi tentar perceber porque é que os homens avançavam mais na carreira e concluiu que as mulheres querem ter uma jornada mais flexível. A gestora alerta que não devem ter de escolher entre serem executivas ou mães, porque é possível conciliar.
Uma grande empresa em Portugal chegou a dizer-me que era overqualified. Tive de pesquisar no Google se era crime tirar dados do currículo”, admitiu a consultora Evódia Graça, que faz mentoria e coaching profissional e foi distinguida como Young African Leader pelo ex-presidente norte-americano Barack Obama. “Qualquer sonho que tenham na gaveta, escrevam nas notas do telemóvel os passos de que precisam para lá chegar”, sugeriu à audiência, depois de desafiar todas as mulheres afrifcanas ou afrodescentes a sentarem-se na fila da frente da sala.
Neste debate moderado por Elisangela Souza, a primeira brasileira negra a fundar uma startup de impacto social (IDE Social Hub), também participou a influenciadora digital Liliana Filipa, proprietária da marca LF Brand, que deixou um conselho a todas: “Ser mulher é constantemente agir com coragem”.