“Temos um histórico de paralisações relativamente reduzido. Procuramos promover as negociações coletivas, temos vindo a fazer acordos desde 2015 com todos os sindicatos do setor, da CGTP à UGT e a sindicatos independentes. Há 10 anos que temos acordos ininterruptos com todos os sindicatos”, nota o representante das empresas de transportes de passageiros, considerando que “existe aqui uma paz social sustentada numa política de negociação coletiva”.
Sendo uma greve que “tem a ver com a política geral do país” — contra o novo pacote laboral — e não com aspetos específicos dos transportes de passageiros, Luís Cabaço Martins reconhece que “há sempre algum impacto”, e até admite que “possa surpreender”. Mas as circunstâncias serão, "à partida", menos propícias a uma grande adesão dos trabalhadores dos transportes de passageiros, entende o responsável.
Mais ainda, sublinha Luís Cabaço Martins, a influência de CGTP e UGT está diluída nos transportes de passageiros: “Hoje em dia, não existe uma influência específica de uma central sindical, há já vários tipos de sindicatos, designadamente independentes. O setor dos transportes tem uma pulverização maior do que há 20 anos, em que havia o domínio absoluto de uma central sindical, a CGTP, e depois a UGT a seguir”, analisa o representante das empresas de transporte. “Agora, essa representatividade está muito distribuída por vários tipos de sindicatos, alguns corporativos e muitos independentes”.
Diferente é, potencialmente, o cenário noutros setores que “tradicionalmente assumem impactos mais significativos” neste tipo de greve: “Sendo convocada pelas duas centrais sindicais, admito que o impacto a nível nacional possa ser maior”, afirma.