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Fusion Fuel na rota de companhia do Dubai

O grupo QIND, que opera no fornecimento de gás e tem sede no Dubai, poderá ficar a controlar a Fusion Fuel, se certas condições forem cumpridas. A operação portuguesa - a Fusion Fuel - entrou em insolvência na semana passada.

Uma companhia sediada no Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, está a preparar a entrada no capital da Fusion Fuel (FF) Green PLC, a companhia fundada por portugueses e com gestão lusa cotada em Wall Street. Se a operação tiver sucesso, com todas as condições cumpridas, a QIND vai passar a controlar a companhia, ficando com 70% do capital.

A operação foi anunciada na terça-feira no âmbito da compra pela FF de 70% da Quality Industrial Corp, sediada no Nevada, EUA, e que atua no fornecimento de gás, à QIND, sediada no Dubai, Emirados Árabes Unidos.

A operação envolve uma troca de ações entre a Fusion Fuel e a QIND. Se todas as condições forem cumpridas, a QIND vai passar a controlar a FF com 70% do seu capital, sujeita à aprovação dos acionistas.

A QIND detém a Al Shola Gas, que gerou 11 milhões de dólares em receitas e 1,8 milhões de dólares de lucro em 2023. A Al Shola conta com quase 40 mil clientes no Médio Oriente, contando com sete centrais e 100 trabalhadores.

Entre os seus clientes encontram-se a Emirates Airlines, Emaar Properties, o Governo do Dubai, Dubai Properties, WASL Group, entre outros, segundo o comunicado.

"A nossa estratégia é criar uma companhia preparada para o presente e posicionada para o futuro. Enquanto o mercado de hidrogénio verde se desenvolveu mais lentamente do que antecipado, a procura pelos nossos serviços de engenharia e consultoria continua forte. Ao comprar a QIND, estamos a estabelecer uma fundação rentável que vai permitir-nos ir de encontro ao mercado, posicionando-nos para as oportunidades de crescimento de longo prazo que vemos no sector do hidrogénio limpo", disse em comunicado o CEO Frederico Figueira de Chaves.

A companhia que produz equipamento para produzir hidrogénio verde, sediada na Irlanda, anunciou recentemente a insolvência da sua operação portuguesa: a Fusion Fuel SA, com a sentença já declarada pelo Tribunal de Sintra, com o processo a ter um valor de quase 27 milhões de euros.

No comunicado, a FF diz que a insolvência é uma "oportunidade para recalibrar a sua estratégia de negócio, para ficar melhor alinhada com as condições atuais do mercado. No curto prazo, a empresa vai focar-se em desenvolver a sua engenharia de hidrogénio e consultoria, onde tem uma posição única para entregar soluções de elevado valor com baixo gasto de capital e um modelo de negócio altamente escalável, enquanto prioriza a integração do novo negócio de serviços de gás".

Fusion Fuel exige 27 milhões em tribunal

A Fusion Fuel exige 27 milhões de euros ao investidor que recuou no financiamento à empresa fundada por portugueses e que está cotada em Wall Street.

O processo da Fusion Fuel Portugal SA contra Norbert Rudolf Bindner (referido como o diretor da Hydrogenial, o investidor que estaria interessado na compra de ações) deu entrada no Juízo Central Cível de Lisboa a 6 de novembro.

A insolvência foi justificada pelo facto de a Hydrogenial S.A. ter falhado a compra de 56 milhões de ações da empresa no valor de 33,5 milhões de dólares (31 milhões de euros), conforme tinha sido anunciado a 11 de setembro de 2024 (apesar de o nome do investidor não ter sido revelado na altura).

“A quebra do contrato cria estes danos [27 milhões de euros]”, disse o CEO Frederico Figueira de Chaves ao JE.

“Se cumprir com o contrato, conseguimos reduzir muito os danos. Este é o valor máximo se não cumprir o contrato que já se encontra em breach [em falha]”, explicou o gestor.

O JE pesquisou na internet pelos contactos da Hydrogenial e de Norbert Rudolf Bindner, mas não encontrou referências a estes nomes nem contactos para pedir uma reação.

A Hydrogenial está “sediada em Andorra” e Norbert Bindner é um cidadão “alemão com residência na Suíça e em Portugal”, adiantou o CEO da FF.

A Fusion Fuel especializou-se na produção de equipamentos para a produção de hidrogénio verde, apostando na tecnologia modular, com o nome de HEVO, que permite adaptar a capacidade de eletrólise, consoante as menores ou maiores necessidades dos diferentes projetos.

Entre os credores estão a Baumann Gmbh, a Duro Felguera Green Tech S.A., a Infotech Automation, o Instituto da Segurança Social – IP e a Magp Inovação SA. O prazo para a reclamação de créditos foi fixado em 30 dias.

O closing do negócio devia ter ocorrido a 30 de setembro, com o “pagamento total antes ou depois do closing”, mas, apesar de todas as condições terem sido cumpridas, como confirmado nas conversações com os representantes da Hydrogenial, o investidor falhou o financiamento na altura prevista.

A Hydrogenial entrou em quebra do contrato e a Fusion Fuel requereu a “resolução imediata” do acordado. Foi fixada uma nova 25 de outubro para o closing, mas “até à data”, ainda não houve nenhuma operação, o que levou a Fusion Fuel a recorrer aos tribunais.

“Como consequência direta do atraso do financiamento, a Fusion Fuel pediu a insolvência da sua subsidiária portuguesa, Fusion Fuel SA, sob a qual a porção mais significativa de vendas de tecnologia da empresa e atividades de desenvolvimento de projetos tem tido lugar”, pode-se ler no comunicado ao mercado desta noite.

A companhia disse estar a “explorar ativamente alternativas estratégicas para preservar o valor do acionista, incluindo uma transação potencial que a gestão acredita poder complementar o negócio de hidrogénio da empresa e impulsionar sinergias significativas”, esperando haver novidades no “curto prazo”.

Na noite da passada terça-feira, a companhia anunciou que tinha recebido um aviso da Nasdaq que, por falta de liquidez (é exigido um mínimo de 10 milhões de dólares), e depois de ter terminado o prazo para repor a liquidez, a cotada iria ser retirada da negociação no Nasdaq Capital Market. A Fusion Fuel apelou e pode continuar a negociar até haver decisão final.