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Fusão Renault-Fiat aproxima inimigos Macron e Salvini

Separados por temas como a imigração ilegal, Matteo Salvini tem criticado publicamente o presidente gaulês. A fusão Renault-Fiat pode juntar os dois inimigos ou extremar as tensões entre Paris e Roma?

O presidente francês tem sido alvo de duras críticas por parte do vice-presidente italiano ao longo do último ano. Mas a fusão entre a Fiat-Chrysler e a Renault pode vir a enterrar o machado de guerra franco-transalpino.
Matteo Salvini já chamou “arrogante” e “péssimo presidente” a Emmanuel Macron, devido a tensões nas fronteiras dos dois países relacionadas com a situação ilegal de migrantes não-comunitários, e a opiniões diferentes sobre os migrantes. A provocação do líder da Liga do Norte de extrema-direita foi ainda mais longe, com Matteo Salvini a reunir-se com membros do movimento dos Coletes Amarelos, que já colocaram Paris a arder várias vezes. Em resposta, o Eliseu chamou o seu embaixador em Roma, um episódio qualificado como a pior crise entre os dois países desde a segunda guerra mundial.
Mas a fusão entre os dois grupos automóveis pode vir a mitigar a tensão nos dois lados dos Alpes. Se avançar, a fusão entre a gaulesa Renault (que tem as japonesas Mitsubishi e Nissan a bordo) e a italiana Fiat vai dar origem ao terceiro maior fabricante automóvel mundial, no valor de 33 mil milhões de euros, que iria produzir 8,7 milhões de automóveis por ano, apenas superado pela Toyota e pela Volkswagen.
Esta fusão iria gerar cinco mil milhões de euros em poupanças por ano através da partilha de inovação e de compras, segundo a Fiat, que garantiu não estar previsto o encerramento de fábricas.
O Eliseu tem uma palavra a dizer neste negócio, pois o Estado francês tem uma participação de 15% na Renault, que corre o risco de ser mitigada, com este negócio, para os 7,5%. Desta fusão vai nascer uma nova empresa, detida em 50% pelos dois fabricantes, sediada na Holanda. Onegócio das duas empresas até se pode complementar: a Renault é forte na Europa, Rússia e em mercados como a Índia. Já a Fiat Chrysler gera a maioria dos seus lucros na América do Norte, mercado onde a francesa não está presente.
O anúncio da fusão foi bem recebido em Roma. “Parece-me um negócio brilhante, que eu espero que venha ser finalizado”, disse Matteo Salvini esta semana, declarando estar confiante que a fusão vai salvaguardar os respetivos postos de trabalho no país.
O ministro italiano garantiu que o seu Governo está disposto a tomar uma participação na empresa. “Se for requerido que Itália tenha uma presença institucional, isso seria absolutamente apropriado”, afirmou, citado pela Bloomberg.
A notícia sobre a fusão também foi bem recebida pelo Eliseu, mas o Executivo de Emmanuel Macron avisou que só apoia o negócio se as fábricas e postos de trabalho em França ficarem intatos.
“Primeiro, postos de trabalho industriais e fábricas. Eu disse ao presidente da Renault muito claramente que seria a primeira das garantias que eu queria dele na abertura destas negociações. A garantia de que os postos de trabalho industriais e as fábricas em França vão ser preservados”, disse o ministro das Finanças Bruno Le Maire, citado pela Reuters.

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