A frota mundial de aviões comerciais vai crescer quase 30% nos próximos dez anos, com especial incidência na Índia e na China, que em 2034 será a região mundial com a segunda maior frota, atrás dos Estados Unidos e ultrapassando a Europa Ocidental. A conclusão é do relatório Global Fleet & MRO Market Forecast 2024-2034, da consultora Oliver Wyman, que o Jornal Económico analisou e divulga em primeira mão.
Em 2034, a frota global ascenderá a 36,4 mil aparelhos, face aos 28,4 mil este ano. “Embora as previsões sejam positivas, fica muito aquém das 39 mil aeronaves previstas na última publicação pouco antes do surto de Covid. Atualmente, não esperamos que a frota global atinja essa dimensão antes de 2036, o que significa que a indústria perdeu essencialmente seis anos de crescimento devido à Covid”, indicam os especialistas da Oliver Wyman Espanha e Portugal.
A taxa de crescimento composto anual (que é de 2,5% até 2034) arrefeceu devido ao crescimento global mais moderado – resultado das altas taxas de juro a nível mundial e a produção de aviões, que tem sido mais baixa do que o previsto. Um dos reflexos do menor crescimento das frotas é o do crescimento da manutenção, reparação e revisão (MRO). De facto, este sector vai crescer 1.8% por ano em média até 2034, ano em que as receitas geradas no sector estarão em torno dos 124 mil milhões de dólares. No forecast da Oliver Wyman para 2023-2033 o crescimento composto anual era de 2,9%.
As receitas previstas no sector de MRO este ano ascendem 104 mil milhões de dólares, mais 3% do em que os 101 mil milhões gerados no ano passado. Isso são boas e mas notícias para a TAP, que tem engenharia e manutenção competente e qualificada em Lisboa, mas que em 2022 encerrou a sua unidade de manutenção no Brasil, a TAP M&E Brasil.
No ano passado, a TAP registou receitas de 163,7 milhões de euros na área de manutenção, mais 24% do que os 132,1 milhões de 2022. Ainda assim, são valores distantes do que se registava, por exemplo, em 2018, quando as receitas da manutenção ascendiam a 228,2 milhões de euros.
É a Índia e não a China que vai crescer mais
Os números do crescimento de frota apresentados pela Oliver Wyman assentam em grande parte no continente asiático. Tal como em anos anteriores, será a Ásia o motor económico da indústria dos aviões comerciais. “Mas ao longo da próxima década, a Índia vai liderar a expansão, e não a China. Atualmente com pouco mais de 600 aviões, a frota da Índia vai receber novos aparelhos a um ritmo de mais 13% anuais nos primeiros cinco anos e de quase 10% na totalidade dos dez anos” de amostra. Em 2034 a frota da Índia será 2,5 vezes maior do que a atual.
Outro número que dá uma ideia clara da velocidade de crescimento da frota indiana: a Índia tem encomendados 1.800 aviões, mais do triplo da totalidade da sua frota. E se a Índia se tornou recentemente a nação mais populosa do mundo, com 1,4 mil milhões de pessoas, apenas 3% delas voam de avião regularmente.
A China tem perspectivas menos animadoras do que a Índia. O gigante asiático enfrenta um abrandamento do crescimento económico – parcialmente devido ao colapso do sector imobiliário, ao envelhecimento da sua população e do desemprego entre a classe mais jovem – mas o crescimento que vem de trás será suficiente para ultrapassar a Europa. Nos próximos dez anos a frota chinesa vai crescer 56% e será a segunda mais forte do mundo, atrás dos EUA.