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Filipe Sousa: "O JPP é um partido de cidadania, moderado, herdeiro da Autonomia"

2025 tem sido um ano cheio e histórico para o Juntos Pelo Povo. Esta força partidária, liderada pelo secretário-geral Élvio Sousa, tornou-se pela primeira vez o segundo maior partido na Assembleia da Madeira e, nas legislativas, elegeu pela primeira vez um deputado à Assembleia da República. Conheça as origens do partido e leia a entrevista ao Jornal Económico (JE) com Filipe Sousa, o deputado eleito pelo JPP ao Parlamento nacional, onde descreve o posicionamento da força partidária no espectro político e os motivos que explicam a retirada de espaço na Assembleia de partidos mais estabelecidos em favor de partidos mais recentes.

O Juntos Pelo Povo (JPP), partido com origens na Região Autónoma da Madeira, fez história nas legislativas ao eleger, pela primeira vez, um deputado à Assembleia Legislativa da República.

Filipe Sousa foi um dos fundadores, em maio de 2008, do inicialmente grupo de cidadãos Pelo Povo de Gaula (PPG), na freguesia de Santa Cruz. Nesse mesmo ano, concorreram ao seu primeiro ato eleitoral, para as eleições intercalares da Assembleia de Freguesia de Gaula.

O PPG viria a ser o "embrião" do JPP, sigla que passou a ser adotada em 2009, através do movimento de cidadãos JPP.

Em 2009, o JPP elegeu três vereadores à Câmara Municipal de Santa Cruz (Filipe Sousa, Leôntina Serôdio e Carlos Costa) e, com Élvio Sousa (atual secretário-geral), venceu com maioria absoluta a Junta de Freguesia de Gaula.

Em 2013, o movimento de cidadãos venceu a Câmara Municipal de Santa Cruz, com Filipe Sousa a encabeçar a lista do JPP. Filipe foi reeleito para mais dois mandatos, estando nesta altura a cumprir o seu último mandato na autarquia madeirense.

O movimento passou a partido em janeiro de 2015, de modo a poder concorrer às eleições regionais. Neste mesmo ano, conseguiu eleger deputados pela primeira vez à Assembleia Legislativa da Madeira.

2025 é também um ano importante para o partido, uma vez que, nas eleições regionais de maio, conseguiu, pela primeira vez na sua história, ser o segundo maior partido na Assembleia Legislativa da Madeira e também elegeu, pela primeira vez, um deputado à Assembleia Legislativa da República.

Em entrevista ao Jornal Económico (JE), Filipe Sousa explica onde se encaixa o JPP no espectro político e também o motivo pelo qual partidos mais recentes estão a ganhar espaço na Assembleia da República em detrimento de forças partidárias mais estabelecidas.

Partido com base regional

Filipe Sousa, que foi presidente do partido até janeiro de 2024, define o JPP como um partido nacional de "base regional e regionalista". O deputado eleito à Assembleia Legislativa acrescenta que o JPP é também um "partido de cidadania, moderado, herdeiro da Autonomia, e um partido da Madeira, dos madeirenses, do Povo e de toda a classe trabalhadora", reforçando que foi com "essa missão que ele foi concebido, em 2014".

Filipe Sousa relembra que o JPP surgiu impulsionado pela "raiz fundacional de um movimento independente, de homens e mulheres livres, oriundos das suas comunidades, conhecedores das dificuldades do dia a dia das pessoas, dos jovens, das famílias, da classe trabalhadora e da classe média".

O também autarca sublinha que a ação política do partido é pautada por este sentido de "comunidade, de proximidade, diálogo e humanismo, mas também pela coragem, responsabilidade, decência e transparência", onde "propõem, realizam e fiscalizam" a ação governativa, em particular as "decisões opacas que encobrem interesses particulares que lesam os cidadãos e a Região".

Filipe Sousa reforça que o JPP tem uma "base e uma filosofia autonomista e regionalista de berço e de conceção", e considera que o PSD é uma "cópia defeituosa do centralismo". Lembra que a integração da palavra “Povo” na denominação do JPP "não foi para rimar", mas sim para "garantir a inclusão de uma política popular, não populista, e para chamar à razão e ao rés-do-chão, de quando em vez, os seus líderes".

Questionado sobre os motivos que explicam as mudanças que têm existido na composição do Parlamento nacional, com partidos mais recentes a tirarem espaço a forças partidárias mais estabelecidas, Filipe Sousa sublinha que, sem entrar em análises profundas sobre o tema, e de uma forma prática, tendo em conta aquilo que o JPP ouve diretamente das pessoas, este "esboroar" dos partidos tradicionais, PSD, PS e CDS-PP, pode ser justificado pela perda do sentido de comunidade, de proximidade e humanismo, que os impede de perceber quão difícil é o dia a dia das pessoas, das famílias, dos jovens e das pequenas e médias empresas.

Para Filipe Sousa, estes partidos "aburguesaram-se" e estão "focados nas elites e desligados dos reais problemas" das populações.

"O crescimento do populismo, de direita e de esquerda, da contestação e da instabilidade política, deve-se, em grande medida, à crescente falta de respostas e soluções governativas do PSD, PS e CDS-PP, na habitação, na saúde, na justiça, no custo de vida e nos salários, etc.", considera o deputado eleito à Assembleia da República.

Filipe Sousa sublinha que, enquanto esses partidos "não forem capazes" de fazer o “mea-culpa” e "inverterem este ciclo de empobrecimento das famílias" e de "perda de qualidade da democracia, das nossas instituições, o populismo tem campo aberto para continuar a crescer".

Face a este cenário, Filipe Sousa diz que o JPP vem para ser um "aliado confiável" no combate a todas as formas de populismo e para "ajudar a devolver dignidade e qualidade de vida" aos portugueses da Madeira, dos Açores, do Algarve, do Minho e de todas as latitudes.