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FIDEtechnology quer revolucionar indústria com cimento de baixas emissões de carbono

A FIDEtechnology desenvolveu um protótipo que permite obter novas misturas de cimento com emissões baixas de dióxido de carbono (CO2), com 50% de redução de CO2, e uma produção de 150 quilogramas (Kgs) de cimento por hora.

A FIDEtechnology, startup madeirense criada em 2020, tem a ambição de descarbonizar a indústria do cimento e da construção. E acabou de dar um passo gigantesco nesse sentido. A empresa anunciou a venda, instalação, e operação do seu primeiro Protótipo de Moinho de Baixo Carbono (Moinho LC) a um instituto de investigação na Suíça. Este protótipo permite obter novas misturas de cimento com emissões baixas de dióxido de carbono (CO2), com 50% de redução de CO2, e uma produção de 150 quilogramas (Kgs) de cimento por hora. Com isso deu resposta a um problema que o sector não conseguia decifrar. Agora a ideia é escalar o protótipo numa dimensão 10 vezes superior à atual.

“Com esta máquina estamos a fazer pós muito finos. Atualmente custa muito dinheiro tornar esse pó muito fino. A moagem é muito ineficiente. Se quisermos que seja mais fino é preciso gastar muito dinheiro e energia. Não havia uma máquina capaz de produzir estas partículas mais finas a um preço que fosse económico”, explica o co-fundador e diretor da FIDEtechnology, Gary Heath, ao Económico Madeira, sobre um dos problemas que enfrentava a indústria do cimento, que agora passa a ter solução com a operacionalização do protótipo.

O protótipo foi testado na EPFL, um instituto de investigação localizado em Lausanne (Suíça).

O instituto de pesquisa na Suíça pediu uma encomenda daquilo que veio a ser o protótipo e a entrega da máquina realizou-se em dezembro de 2023.

Do protótipo à indústria

Esta ideia da FIDEtechnology está a ser bem aceite pelo sector mas ainda faltam dar vários passos para que este protótipo tenha uma resposta ao nível industrial.

Caso se consiga transformar o protótipo numa máquina industrial, ou seja um modelo 10 vezes maior do que o protótipo, Gary Heath referiu que já tem três cartas de empresas que pretendem adquirir esta máquina.

Ao nível nacional o diretor da FIDEtechnology referiu que já existiram conversas com a Secil e a Cimpor.

“Há dois anos que falamos com eles. Eles estão interessados e têm mostrado suporte. Queremos fazer testes. E temos agora a máquina. Penso que para 2024 vão à Suíça ver a máquina”, disse Gary Heath.

A máquina tem também aplicações de economia circular, ou seja, pode utilizar os materiais resultantes da demolição de edifícios, cinza, basalto, areia, para a produção do cimento.

Startup espera turnover de 100 milhões de euros

Caso se consiga esta máquina em tamanho industrial a FIDEtechnology espera já ter lucro no primeiro ano e ter um turnover, ou vendas, de 100 milhões de euros em três anos.

O protótipo teve um custo de 250 mil euros, enquanto que o custo da máquina para uso na indústria deve ter um custo de 20 milhões de euros.

Gary Heath afirma que as reduções de CO2 obtidas através do material produzido por esta máquina é o equivalente a retirar 156 mil carros da estrada por ano.

Startup candidata-se a fundos comunitários

A FIDEtechnology já se candidatou aos fundos europeus do programa European Horizon Europe para produzir a máquina de tamanho industrial. A candidatura solicita um financiamento misto total de 6,4 milhões de euros. Uma das candidaturas foi para o 'European Innovation Council (EIC) Accelerator' no valor de 2,4 milhões de euros e outra candidatura foi para um ‘equity invest’ do 'EIC Fund' de quatro milhões de euros.

Esta ideia da FIDEtechnology já tem patente na Europa e atualmente estão a ser feitas candidaturas para os Estados Unidos da América, Canadá, México, Brasil, e Índia.

O plano de expansão passa pela Madeira, Portugal, Europa, América do Norte e do Sul, África, Médio Oriente, e Ásia.

Porque a Madeira e Portugal para a FIDEtechnology se instalar?

“Quando voltava à Madeira havia uma nova estrada e uma nova construção. Todo esse cimento é importado, de barco, para cá. Não só se produz CO2 quando produzimos o produto como ainda tem o CO2 do transporte”, explicou Gary Heath.

Startup quer transformar Madeira numa green island

O diretor da startup salientou ainda a pretensão de transformar a Madeira numa ‘green island’.

“Devíamos fazer mais para usar ‘cimento verde’. Devemos fazer esse esforço para produzir cimento com menor quantidade de CO2. E usar a maior quantidade de produto local possível. Quando maior a quantidade [de produto local] menor a importação. Ao reduzir o custo e o CO2 reduz-se o transporte e existe menos CO2 vindo do transporte”, diz o co-fundador da startup madeirense.

Gary Heath diz que tem o sonho de que a Madeira se torne uma ilha liderante para o desenvolvimento e uso deste cimento com emissões mais baixas de CO2.