Há muito que se diz que este é “um bull market de bancos centrais“. Em rigor, a génese da subida que se iniciou em 2009 foi precisamente a resposta monetária dada à crise. Desde então, os bancos centrais implementaram medidas de política monetária sem precedentes que inundaram o sistema de liquidez que, segundo muitos analistas, implicou inflação… não na economia, mas nos ativos financeiros e, em alguma medida, no imobiliário.
Os momentos que os bancos centrais têm escolhido para mudar de discurso parecem coincidir com a necessidade de acalmar os mercados. E assim aconteceu na semana passada, com a Fed a dar a entender que poderá cortar os juros este ano, quando a expectativa há seis meses era que 2019 fosse ano de aperto monetário. Em defesa dos bancos centrais pode dizer-se que vivermos em tempos de economia globalizada, em que a confiança é um dos motores de crescimento e em que a capitalização bolsista funciona como colateral de endividamento. Assim, a bolsa é vista como um elemento suscetível de introduzir risco sistémico, não só no sistema financeiro, mas na economia. O risco desta abordagem reside na eficiência marginal decrescente das medidas de política monetária. Ou seja, os bancos centrais já têm pouca margem de manobra e não podem ousar retirar os estímulos monetários.
Com esta recuperação o S&P mostra 15% de ganhos este ano e está apenas a 2% dos máximos históricos de abril. O DAX ganha cerca de 15%, mas ainda precisa de subir 11% para repetir os máximos de janeiro de 2018. Um dos temas fortes na Europa foi o ressuscitar do acordo de fusão entre Fiat Chrysler (FCA)e Renault. Já se adivinhava que um processo deste tipo, que se planeia seja de 50-50, ainda teria um longo caminho a percorrer, mas o assunto parecia abandonado perante as indefinições do Estado francês, que fizeram afastar a FCA. Só que a perspetiva de poupar 5 mil milhões de euros em sinergias é demasiado atrativa e os dois construtores têm vontade de chegar a um entendimento. Após uma subida inicial das ações aquando do primeiro anúncio de intenção, o mercado tem-se mostrado mais cauteloso e as cotações menos voláteis.
Em Portugal, foi uma semana com notícias corporativas e que ficou marcada pelo pagamento de dividendos aos acionistas o BCP, o que já não acontecia desde 2010. As empresas e os administradores do setor do papel e pasta de papel, cujas cotações têm caído nos últimos meses em reação ao mercado internacional de pasta, estão a investir em ações próprias. A alemã Berenberg classificou a Jerónimo Martins com recomendação de “compra”, atribuindo um preço alvo de €17.10 à retalhista - um valor significativamente acima do valor atribuído pela média dos analistas.