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Falta de mão de obra “agrava de forma muito significativa” os custos de construção

AICCOPN aponta a falta de mão-de-obra como principal fator de pressão para este aumento, enquanto os materiais já apresentam uma tendência de subida moderada.

A escassez de mão de obra qualificada está a “agravar de forma muito significativa” os custos da construção de habitação em Portugal, sobrepondo-se aos materiais. O alerta é deixado ao JE por Manuel Reis Campos, presidente da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN),
“Atualmente, mais do que os materiais, que apresentam já uma tendência de crescimento mais moderada, é a mão de obra que se afirma como o principal fator de pressão”, afirma, relembrando os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), que apontam para aumentos de 6,3% em 2022, 8,1% em 2023, mais 8,2% em 2024, e 8,9% em julho deste ano.
No entanto, nem todos os materiais registam esta tendência de aumento moderado, como são os casos do M12 – aço em varão e perfilados, que subiu 40,6% em 2021 e 23,7% em 2022, o M23 – vidro, que registou 33% em 2022, e o M20 – cimento em saco, que acumulou aumentos de 17,9% em 2022 e 27,4% em 2023.
“Estes acréscimos extraordinários criaram graves dificuldades às empresas, que tiveram de lidar com contratos desajustados face ao aumento súbito dos custos de produção”, afirma o presidente da AICCOPN.
Perante este cenário Manuel Reis Campos congratula-se com a decisão do Governo em reduzir a taxa de IVA para 6% na construção e reabilitação de habitação, acrescentando que deverá ter lugar a concretização célere da chamada lei dos solos.
“Só com estas soluções será possível contrariar a atual escalada de custos, criar condições para dinamizar o investimento privado e a atividade das empresas, dar uma resposta efetiva à crise da habitação e garantir um futuro mais acessível, equilibrado e sustentável para todas as famílias portuguesas”, sublinha Manuel Reis Campos.
Os custos de construção de habitação nova aumentaram 4,8% em julho, em termos homólogos, ficando 0,9 pontos percentuais acima do verificado em junho, segundo os dados do INE.
Entre os materiais que mais influenciaram positivamente a variação agregada do preço estão os vidros e espelhos, com uma subida de cerca de 30%, e os aparelhos de climatização, com uma subida de cerca de 15%,
Em sentido oposto, destacaram-se a chapa de aço macio e galvanizada, com uma descida de cerca de 15%, e as tubagens de aço, de ferro fundido e aparelhos para canalizações, com reduções a rondar os 10%.
Quanto à taxa de variação mensal do Índice de Custos de Construção de Habitação Nova (ICCHN), foi de 0,7% em julho, 0,3 pontos percentuais (p.p.) superior à registada no mês anterior, tendo o custo dos materiais e o da mão de obra subido 0,3% e 1,1%, respetivamente.
Já a mão de obra contribuiu com 0,6 p.p., enquanto o preço dos materiais subiu 0,1 p.p. (0,6 p.p. em maio e desceu 0,2 p.p. em junho).

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