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EY estabelece-se em Cabo Verde e aposta no setor não-financeiro

Consultoria : Presença local vai impulsionar desenvolvimento do projeto. Foco é na oferta de serviços de contabilidade e auditoria às não-financeiras e na consultira para a banca.

A consultora EY vai passar a ter presença local em Cabo Verde, a partir da próxima semana. Sempre teve presença neste mercado, mas à distância, a partir de Lisboa, com os profissionais a deslocarem-se ao arquipélago sempre que necessário.

“Atuamos há muitos anos no mercado de Cabo Verde. O que isto nos permite é dar o passo seguinte”, diz ao Jornal Económico (JE) Miguel Farinha, country managing partner de Portugal, Angola, Moçambique e, também, de Cabo Verde.


A EY tinha clientes em Cabo Verde, até por efeitos regulatórios, por ser auditores de alguns dos maiores bancos portugueses que detinham instituições financeiras no arquipélago. O mesmo se passava com as seguradoras. “Por essa via, já tínhamos essa participação [no mercado] e também em projetos de consultoria no país”, diz Miguel Farinha.


Luís Aguiar era o parceiro local, através de uma entidade autónoma, que se transformou, agora, na EY Cabo Verde, de que é o diretor. “Neste momento uma presença clara no mercado com o nosso brand, que para nós é muito relevante”, diz.


“Quando começámos a parceria, era eu sozinho, depois, em 2018 éramos três, e hoje, somos 15. Quintuplicámos”, conta Luís Aguiar ao JE. “Temos uma equipa muito mais focada, local, para a prestação de serviços, contabilidade e auditoria, mas contando com a competência e o apoio da EY Portugal para muitos projetos”, acrescenta.


“Em Angola temos uma equipa com 230 pessoas, em Moçambique também cerca de 200 pessoas, que têm as competências mais recorrentes no mercado, como auditoria, apoio fiscal”, acrescenta Farinha. “Depois, para projetos específicos em que é preciso conhecimento diferenciado, usamos a equipa de Portugal para alimentar essas equipas. Em Cabo Verde tem sido o mesmo princípio”, explica.


O objetivo, passa, também, por desenvolver a equipa e transformar também Cabo Verde num prestador de serviços para a rede EY, ou seja, “usar o talento que há em Cabo Verde, que é interessante e que é um bom talento com muitas competências e usar esse talento para servir projetos noutros mercados”, diz o managing partner.


A formação é, por isso mesmo, um tema relevante, em que a empresa aposta, e a atração de talento uma preocupação. A EY Cabo Verde considera que tem capacidade de atrair jovens, porque lhes dá uma oportunidade para integrar uma rede global – a formação é feita localmente, na empresa, mas também remotamente – e porque é competitiva, por exemplo, para os recém-licenciados, especialmente os naturais de Cabo Verde que estudam em Portugal. “É mais barato um apartamento na Praia do que em Lisboa”, diz.

Além do setor financeiro
O negócio em Cabo Verde é muito local, mas os dois responsáveis da EY apontam que existe ainda uma outra oportunidade, na emigração. “Cabo Verde tem uma diáspora enorme, espalhada em todo o mundo, não só para Portugal, mas para os Estados Unidos, o que permite de alguma forma também haver aqui investidores que investem em vários mercados”.


As organizações multilaterais também são um agente relevante neste mercado, operando em estreita relação com o Governo, que também é importante, particularmente no caso das empresas públicas. “Apoiámos alguns processos de reestruturação e processos de privatização”, afirma Miguel Farinha. “Apoiámos também algumas reformas a nível fiscal e constantemente estamos a responder a dar resposta”, acrescenta.


O setor financeiro foi quem abriu a porta ao mercado cabo-verdiano e mantém-se como fundamental na atividade da empresa no arquipélago. “Dos sete maiores bancos do sistema financeiro, fazemos a auditoria de cinco”, diz Luís Aguiar. Mas, agora, a ideia passa por explorar outras oportunidades, até porque a EY deixará de auditar os bancos, por força da rotação a que as regras obrigam, o que abre espaço para a consultoria.


“O objetivo, agora, é finalizar o processo de integração, depois, claramente, o foco é continuar a fazer auditorias para as empresas de Cabo Verde, principalmente para o setor não-financeiro, e, sem dúvida apostar, também, na consultoria para o setor financeiro, tanto esses são os objetivos para os próximos dias”, diz Luís Aguiar. “Esses são os objetivos para os próximos tempos”, finaliza.