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Eleições em Singapura: governo continua inamovível

Ásia a No poder desde 1965, nada parece conseguir tirar o Partido de Ação Popular de um lugar que nunca partilhou desde a criação do país. O primeiro-ministro já disse que o mundo não está para aventuras. E Singapura também não.

Singapura, um aliado dos mais estáveis dos Estados Unidos na Ásia, vai a votos este sábado, 3 de maio, e o Partido de Ação Popular, no poder, tem a vitória praticamente assegurada, dado que lidera o país desde a sua independência da Malásia, em 1965. O partido e a sua ação no governo tem sido criticado pelo controlo apertado e por uma postura inflexível, pela censura dos meios de comunicação social e pela utilização de leis contra os dissidentes. Mas uma oposição debilmente organizada e insuficientemente alternativa ao conservadorismo dos populares indica, aparentemente, que a sociedade de Singapura vive bem com as suas próprias idiossincrasias.
Mas a hegemonia pode ser difícil de manter. O PAP procurará reforçar o seu domínio sob o comando do primeiro-ministro Lawrence Wong. A percentagem de apoio popular do PAP desceu para um mínimo quase recorde de 61%, refere a Euronews. Nesse contexto, Wong lançou um plano a que chamou ‘Avante Singapura’, que parte do princípio que os anteriores pressupostos de estabilidade estão em causa, à custa da diminuição da globalização e do fim do multilateralismo. Wong avisou que “quem está no cockpit é importante” no meio das incertezas económicas, uma vez que as tarifas norte-americanas abalam o sistema comercial global.
O primeiro-ministro tem como principal veículo eleitoral a realização em contínuo do ‘Avante Singapura’, lançado em junho de 2022 (quando ainda era apenas vice-primeiro-ministro) com a função de “atualizar o nosso pacto social e traçar um roteiro para a próxima década e mais além”, disse na altura. O plano foi organizado em seis pilares: Capacitar, Equipar, Cuidar, Construir, Administrar e Unir. O plano traça o quadro da envolvente e os mecanismos de o país sair, com o governo Wong, vitorioso: “as tensões geopolíticas estão a contribuir para um ambiente menos benigno e menos hospitaleiro para pequenos Estados como Singapura. Os avanços tecnológicos abrirão novas oportunidades, mas também tornarão obsoletas as funções de trabalho existentes e aumentarão as ansiedades no local de trabalho”. “O aumento da desigualdade e a desaceleração da mobilidade social já fragmentaram a coesão social em muitos países desenvolvidos e criarão pressões semelhantes na nossa sociedade”, adverte o plano, que insiste: “o rápido envelhecimento da nossa população aumentará a pressão sobre a nossa população, especialmente sobre aqueles que estão divididos entre cuidar dos filhos pequenos e dos pais idosos”.

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