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A nova corrida às armas

Armamaento : A despesa militar aumentou ao ritmo mais alto desde a Guerra Fria, para um valor recorde.

A despesa global com armamento aumentou 9,4% em termos reais no ano passado, face ao anterior, para um recorde de 2,71 biliões de dólares (cerca de 2,38 biliões de euros ao câmbio atual).
Foi o maior crescimento anual registado pelo Instituto Internacional de Estocolmo de Pesquisa para a Paz (SIPRI, na sigla em inglês), que alimenta a que é considerada a mais completa base de dados sobre este tema, pelo menos, desde 1988, o primeiro com maior consistência de dados e, por isso, de referência.
Nessa altura, na véspera da queda do muro de Berlim – começou a ser deitado abaixo a 9 de novembro de 1989 –, a despesa com armamento ascendeu a 1,46 biliões de dólares (cerca de 1,28 biliões de euros). Na década seguinte, com o fim da Guerra Fria, os custos com a defesa caem mais de um terço (33,9%), espelhando, em muito, a redução de cerca de 31% do investimento dos Estados Unidos da América (EUA), para depois voltarem a aumentar, na fronteira do milénio.
Isto também é explicado pela mudança de estratégia dos EUA, que aumentaram estes gastos em 62%, entre o 11 de setembro e 2020. E continuaram a gastar cada vez mais até agora.
Em 2006, estas despesas ultrapassam o nível de 1988; em 2011 chegam aos 1,79 biliões de dólares (cerca de 1,57 biliões de euros) e, depois de um período de relativa estagnação – em baixa –, recomeçam a subir e ultrapassam os dois biliões de dólares em 2021, tudo a dólares de 2023. Em 36 anos, subiram 85,6%.
Vivemos uma nova corrida às armas e não se deve só à guerra provocada pela invasão russa da Ucrânia – o conflito teve início em 2014, mas a operação em larga escala só se concretizou em fevereiro de 2022 – nem ao conflito em Gaza, que só recrudesceu com o ataque do grupo extremista islâmico Hamas a 7 de outubro de 2023. A verdade é que a despesa global com armamento cresceu em todos os anos da última década.
O peso da despesa militar no produto interno bruto (PIB) mundial aumentou 0,2 pontos percentuais, para 2,5%, no ano passado. O peso médio da despesa militar na despesa pública dos estados cresceu também duas décimas, para 7,1%. Em 2024, o dispêndio por pessoa foi o mais elevado desde 1990, atingindo 334 dólares (cerca de 293 euros).

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