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Desequilíbrio na balança comercial favorece Portugal

As relações económicas entre Portugal e Angola têm esfriado. O petróleo continua a ser determinante nas vendas angolanas, mas a intenção é alterar o paradigma, diversificando

Desde que João Lourenço foi empossado como Presidente da República de Angola, em 2017, a balança comercial entre os dois países atingiu um volume acumulado de 18,5 mil milhões de dólares (cerca de 15,7 mil milhões de euros), segundo cálculos do Jornal Económico com base em dados oficiais.
De acordo com a Administração Geral Tributária (AGT) angolana, entre 2017 e 2024, Angola importou de Portugal bens e serviços avaliados em mais de 14,5 mil milhões de dólares, o que representa 78% do total das trocas comerciais entre os dois países. Portugal mantém-se, assim, como um dos principais parceiros comerciais de Angola e, em vários anos, o segundo maior exportador de bens para o país, apenas atrás da China.
No período em análise, o ano de 2017 — precisamente o ano em que João Lourenço assumiu funções, em Setembro — foi o que registou o maior volume de importações de Portugal, estimado em mais de 2,6 mil milhões de dólares. Por contraste, 2020 marcou o ponto mais baixo, com importações avaliadas em pouco mais de 1,3 mil milhões de dólares.
No sentido inverso, ou seja, nas exportações angolanas para Portugal, o total acumulado entre 2017 e 2024 rondou os quatro mil milhões de dólares, o que representa menos de 2% dos mais de 289,6 mil milhões de dólares de exportações registados pela AGT no mesmo período.
Em termos práticos, a balança comercial entre os dois países revela-se estruturalmente favorável a Portugal, com um excedente expressivo nas suas exportações. Do total de 18,5 mil milhões de dólares registado nas trocas comerciais luso-angolanas entre 2017 e 2024, cerca de quatro mil milhões dizem respeito a exportações angolanas para Portugal, ao passo que os restantes 14,5 mil milhões resultam de importações angolanas de origem portuguesa.
Face a este desequilíbrio, em entrevista recente ao canal CNN Portugal, o Presidente angolano defendeu um maior investimento português em setores produtivos como a indústria, a agropecuária, as pescas e o turismo, em detrimento do comércio.
“Felizmente, isso já vem acontecendo. Há um certo número de empresas portuguesas que, durante muitos anos, se limitavam a vender produtos para Angola e que hoje tomaram a decisão de produzir esses mesmos produtos em Angola. Montaram fábricas e passaram a fazer aqui o que antes faziam lá, dando emprego a cidadãos portugueses. Hoje estão a dar emprego a cidadãos angolanos”, afirmou João Lourenço.

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