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Defesa assegura orçamento de seis mil milhões para investir

A intenção do Governo é, além das aquisições, promover a criação de uma cadeia empresarial de fornecimento que se enquadre na estratégia europeia de desenvolvimento do setor. Os exemplos, segundo disse o ministro Nuno Melo, já se multiplicam.

Num contexto em que “a Europa viveu demasiados anos no convencimento da paz perpétua” sem perceber que “a paz é um intervalo” – o que implicou que “durante demasiado tempo se desinvestisse” na Defesa em Portugal – o Governo tem um pacote financeiro de seis mil milhões de euros para alavancar o setor, disse o ministro da Defesa, Nuno Melo, na sua intervenção na conferência de aniversário do JE. A intenção não é apenas a de ‘ir às compras’ na tentativa de modernizar um setor que esteve em hibernação por décadas, mas contribuir para a criação de uma cadeia de fornecimento capaz de tomar parte no esforço da União Europeia de tornar-se crescentemente independente em termos de defesa do seu território comum.
É nesse contexto, disse o ministro, que a indústria nacional é aliciada a tomar parte naquilo que, acredita o Governo, não serão gastos elegíveis unicamente como despesa, mas que, ao contrário, obedecerão a uma lógica de investimento na criação de ecossistema militar robusto e capaz de acrescentar uma contribuição positiva no crescimento do PIB. É, como afirmou Nuno Melo, tomar em mãos “um exercício de soberania”, aliando o robustecimento da defesa ao aumento do produto. É também essa a lógica da União Europeia, consubstanciada no programa apresentado há semanas pela Comissão Europeia. Mas o programa não previa ter pela frente um entrave poderoso: as tarifas determinadas pela administração norte-americana e o facto de Donald Trump ter misturado a negociação dos níveis aduaneiros impostos à União Europeia com a obrigação de o bloco manter um nível muito elevado de compras ao setor norte-americano da defesa – nomeadamente no que tem a ver com o apoio à Ucrânia.
Falta explicar, desde logo por parte da Comissão, como é que estes dois fatores de sinal contrário (comprar aos Estados Unidos e ser independente em termos de armamento) vão ser conciliados.

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