O sector da construção deverá viver um ano de 2024 marcado pela incerteza em relação a alguns fatores, isto quando os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) revelaram um aumento homólogo de 2,5% em novembro, no custo da construção nova, um valor inferior em um ponto percentual face ao verificado no mês anterior.
Em declarações ao Jornal Económico (JE), António Carlos Rodrigues, CEO do Grupo Casais considera que ao nível de matérias-primas e materiais a tendência tem sido para um decréscimo, enquanto na mão-de-obra tem sido no sentido inverso, e que assim vai continuar pela questão dos salários e falta de pessoal qualificado no mercado.
Para o CEO da construtora, a variável que pode fazer pender a balança para a esquerda ou direita prende-se com o volume de obras públicas e privadas.
"No caso da obra pública estamos ainda muito dependentes de colocar cá fora os concursos e as empreitadas que há muito tempo se anunciam. No lado da obra privada vamos ver os efeitos de algumas medidas que foram tomadas, nomeadamente dos vistos gold e do residente não habitual que vai ter um efeito dominó e acabar por arrefecer o mercado e que pode depois dar origem a uma menor procura", refere.
Por sua vez, os dados do INE indicaram que os preço dos materiais e o custo da mão de obra apresentaram, respetivamente, variações homólogas de -1,8% (-2,3% no mês anterior) e de 8,7%, (1,8 p.p. em outubro), respetivamente.
Questionado sobre se materiais como o cimento, aço ou betão poderão sofrer um aumento em 2024, o CEO reitera que todas as empresas estão neste momento sob maior pressão para fazer a sua transição energética e adotar práticas de sustentabilidade. "Por um lado, se houver uma diminuição da procura até poderia dar origem a uma redução dos preços, mas por outro lado as empresas estão sob pressão para investir", salienta.