Skip to main content

CTT: Subscrição de certificados de aforro caiu 60% no quarto trimestre de 2023

“A alteração das condições de comercialização, nomeadamente taxas de juro mais baixas e a diminuição dos limites máximos de aplicação por subscritor, reduziram a atratividade dos títulos da dívida pública”, admite a empresa.

A descida das taxas de juro e as mexidas no limite máximo de subscrição na mais recente série de certificados de aforro (F) e a concorrência dos depósitos bancários fizeram com que o volume de subscrições destes títulos de dívida pública nos CTT – Correios de Portugal caísse 62,2% no quarto trimestre de 2023.

“Nos primeiros cinco meses de 2023, os títulos de dívida pública atingiram níveis máximos históricos de emissão, induzidos pela maior atratividade do produto. A alteração das condições de comercialização, nomeadamente taxas de juro mais baixas e a diminuição dos limites máximos de aplicação por subscritor, reduziram a atratividade dos títulos da dívida pública e limitaram a sua subscrição no resto do ano”, explica a empresa, na apresentação de contas de 2023 publicada esta terça-feira, dia em que anunciou um resultado líquido de 60,5 milhões de euros, mais 66% que no exercício anterior.

Entre o segundo semestre de 2022 e o primeiro semestre de 2023, em virtude da subida das taxas de juro e da atratividade deste produto financeiro, foram emitidos recordes de dívida pública, sobretudo entre os meses de setembro de 2022 e maio do ano passado, o que representou uma mais-valia para os CTT.

Em média, num ano considerado normal, os CTT colocam entre 3.500 milhões de euros e 4.500 milhões de euros. Ou seja, cerca de 300 milhões por mês em colocações. Para se perceber a dimensão do que aconteceu naquele período, só no quarto trimestre de 2022 foram 4,3 mil milhões de euros, na ordem dos 1.300-1.400 milhões mensais.

A chamada série F dos Certificados de Aforro, que veio substituir a E, implicou uma redução da taxa de juro base máxima de 3,5% para 2,5% e dos limites de subscrição de 250 mil para 50 mil euros. Os CTT consideram que, mais do que a diminuição na taxa, o que impactou foi o corte nos limites. Portanto, a dinâmica de redução deverá manter-se até que haja novas alterações.

Apesar dos efeitos destas mudanças nos últimos três meses de 2023, o negócio dos serviços financeiros e retalho dos CTT registaram rendimentos de 62,8 milhões de euros (+3,4%) no acumulado do ano passado à boleia do “excecional contributo” dos títulos de dívida pública, em especial dos certificados de aforro durante o primeiro semestre.

Objetivos para 2024: CTT admitem M&A e querem atingir lucro operacional de 88 milhões de euros

Os objetivos dos CTT para 2024 passam por crescer inorganicamente, através de aquisições, e aumentar o EBIT recorrente consolidado para mais de 88 milhões de euros, assumindo colocações de dívida pública de cerca de três mil milhões de euros.

O operador postal refere que o crescimento do EBIT – devido ao crescimento das unidades ibéricas de expresso e encomendas – deverá ser mais pronunciado no segundo semestre deste ano por causa do desempenho “anormalmente forte” dos serviços financeiros no primeiro semestre de 2023.

“A empresa estará atenta e analisará oportunidades de crescimento inorgânico que possam existir, nomeadamente nos segmentos de logística e fulfilment”, lê- se ainda no documento publicado ontem, após o fecho do mercado, pela CMVM.

Quais são os planos? Expansão de expresso e encomendas em Portugal e Espanha, Banco CTT (flexibilidade do balanço e em potenciais parcerias sectoriais e de capital) e lançar mais serviços e produtos para alargar o portefólio de retalho.