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Cotadas do PSI com lucros a subirem 20% e dividendos apenas 4%

As cotadas do PSI deverão aumentar os seus lucros em 20% em 2023, mas os seus dividendos deverão registar uma subida de apenas 4%, prevê a Maxyield. O payout ficará abaixo de 50%, no nível mais baixo em cinco anos, com uma quebra de sete pontos face ao exercício anterior.

As cotadas nacionais do PSI deverão registar um disparo nos lucros para a totalidade do ano de 2023: uma subida conjunta de 20%, em mais de mil milhões de euros.

A previsão é da Maxyield - Clube dos Pequenos Acionistas que prevê uma subida dos lucros conjuntos de 5.289 milhões de euros em 2022 para os 6.350 milhões em 2023.

O valor contrasta com os 3.142 milhões de euros registados pelas cotadas do índice principal da bolsa de Lisboa em 2019.

A associação prevê que os dividendos venham a subir apenas 4% para 2.876 milhões de euros, com o payout a recuar sete pontos percentuais para ficar abaixo dos 50%, no que seria o valor mais baixo desde 2019.

A Maxyield coloca várias perguntas na análise a que o JE teve acesso: a distribuição de dividendos vai acompanhar o ritmo de crescimento dos resultados? Qual a trajetória e nível do payout relativamente aos anos anteriores?

“Quando olhamos para o perfil da geração dos resultados e margens em 2023 estas questões têm com alguma surpresa uma resposta negativa”, responde o Clube dos Pequenos Acionistas, destacando que o “ritmo de crescimento dos resultados líquidos (...) deverá atingir 20%, sendo que o aumento dos dividendos tenderá para um aumento de 4%”. ”O payout (dividendos/lucros) ficará abaixo de 50% e sofrerá uma quebra de sete pontos percentuais”, conclui.

Para chegar a esta conclusão, a Maxyield salienta que “algumas sociedades cotadas têm políticas de dividendos predefinidas e estáveis de rendimentos que certamente serão mantidas”.
No caso dos lucros, a Maxyield explica as suas contas. Até setembro de 2023, os lucros subiram 31%; no terceiro trimestre, o crescimento homólogo foi de 52%.

“Uma estimativa prudente, através da extrapolação do valor médio trimestral do período Jan-set /2023 para a totalidade do ano, proporciona o intervalo [5.700M€ - 6.350 M€] sendo o maior resultado liquido anual de sempre a nível do universo empresarial PSI (o limite superior considera a GALP em IRFS e o limite inferior em RCA)”, segundo a análise.

Todavia, seis das sociedades do PSI registaram até setembro um recuo homólogo nos resultados: Altri, Navigator, Semapa, NOS, Greenvolt e Sonae.

Mas 65% dos lucros registados têm origem em quatro empresas: BCP, Galp e a família EDP (que em conjunto pesam 49% na negociação).

No caso do EBITDA até setembro, este registou uma subida de quase 7%, com a rentabilidade comercial (EBITDA/rendimentos operacionais) a subir de 16% para 18% no final de setembro de 2023, face a período homólogo.

“Esta tendência de crescimento da margem é mais acentuada no terceiro trimestre de 2023 (passou de 15% no terceiro trimestre de 2022 para 19% no terceiro trimestre de 2023), razão pela qual se espera margens robustas no acumulado do ano 2023”, pode-se ler.

“Este sentimento é ainda reforçado pela expectável recuperação dos sectores com performance negativa a nível de EBITDA, designadamente papeleiro e energias renováveis”, conclui.
Sem surpresas, a EDP vai ser a cotada que vai pagar mais em dividendos: 795 milhões de euros, segundo as previsões da Maxyield. Segue-se a Jerónimo Martins com 440 milhões, a Galp com 409 milhões e a EDP Renováveis com 271 milhões. A Navigator vai pagar um total de 199 milhões, seguido do BCP com 151 milhões, da NOS com 143 milhões, da Sonae com 113 milhões, da REN com 103 milhões, com os restantes a distribuírem menos de 100 milhões: ALtri (51 milhões), Corticeira Amorim (27 milhões), CTT (36 milhões), Ibersol (15 milhões), Mota-Engil (46 milhões) e Semapa (77 milhões).

Saída de cotadas fragiliza PSI
Noutra análise realizada à evolução das cotadas do PSI durante o ano de 2023, a Maxyield concluiu que o principal índice nacional registou uma subida de 12% depois de 3% em 2022.
Apesar de um ano marcado por “forte volatilidade” a partir de março, o segundo semestre “foi decisivo” com uma subida acima de 8%, com “boa performance” nos meses de abril, junho, julho, outubro e novembro.

“Esta variabilidade encontra-se associada aos impactos da dividend season, do ‘arrastamento’ pela espuma de diversas marés vermelhas num contexto de incerteza internacional, das earning seasons e de outras externalidades de âmbito nacional com impacto no mercado de capitais”, destaca.

Um total de 10 sociedades registaram subidas em 2023: a Mota-Engil (238,5%), o BCP (87,4%), a Ibersol (21%), a J. Martins (14,2%), os CTT (13,3%), a Semapa (8,4%), a GALP (5,8%) %), a Greenvolt (4,2%), a Navigator (2,7%), e a Corticeira Amorim (3,8%). Em sentido contrário, seis cotadas registaram quebras: NOS (-15,4%), EDP Renováveis (-10%), a Altri (-8,1%), a REN (-7,7%), a Sonae SGPS (-3,3%) e a EDP (-2,2%).

A Maxyield destaca que o comportamento do BCP foi crucial para o PSIregistar uma subida a dois dígitos, mas tal “não pode esconder a situação deprimida da cotação de diversas sociedades, designadamente a NOS, a EDP Renováveis, a REN e a Sonae”.

Comparando o desempenho do PSIcom outras bolsas, Lisboa ficou bastante abaixo do registado por outras praças europeias como Madrid (23%), Frankfurt (20%), Paris (17%), conseguindo superar Londres (4%) e ao nível do índice Stoxx 600 (13%). Do outro lado do Atlântico, destaque para as subidas de 24%do S&P 500 e de 43%do Nasdaq.

“O fim do ciclo de subida das taxas de juro, o horizonte temporal de manutenção da política monetária em terreno restritivo, a redução das pressões inflacionistas, a resiliência dos mercados de trabalho e as perspetivas do ritmo de crescimento do PIB nos principais espaços económicos, apontam para a continuação do bull market das bolsas mundiais em 2024, com maior dinamismo no segundo semestre”, pode-se ler.

OClube dos Pequenos Acionistas identifica alguns riscos que implicam uma “regressão da oferta de valores mobiliários a nível do equity” que “fragiliza o mercado bolsista”: “programas actuais de buy back (Galp e CTT) e eventual extensão a outras companhias listadas; saídas do mercado na sequência de OPA (Greenvolt) e possibilidade de ocorrência de situações similares; prevalência do debt sobre o equity a nível de financiamento das empresas listadas”.

E haverá novas entradas no PSI? “As perspectivas de free float de novas empresas listadas são no actual contexto bastante limitadas”, conclui.

A Maxyield alerta que a economia nacional poderá vir a entrar em recessão este ano, e que a quebra do atual nível de suporte (6.300 pontos) “será sempre a antecâmara de um bear market” que é “como o Pai Natal: o “velhinho” vem sempre”.

“As proximas earning seasons, a época de dividendos e correção das cotações com pagamento dos dividendos, serão marcos importantes para a evolução do PSI no decurso de 2024”, conclui a Maxyield.

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