A confiança dos investidores germânicos recuperou bastante mais do que se esperava em outubro, apesar de a avaliação da situação atual continuar a deteriorar-se, a julgar pelos números do índice ZEW divulgado esta terça-feira. O relatório do instituto alemão deu alguma esperança aos mercados de uma retoma para breve do motor da zona euro, alimentando , embora também levante dúvidas sobre quando surgirá, dada a contínua deterioração das condições económicas.
O índice de confiança subiu assinalavelmente em relação a setembro, crescendo de -11,4 até -1,1 e aproximando-se novamente da zona de expansão da atividade, ou seja, acima de 0. A expectativa dos analistas foi largamente ultrapassada, esperando o mercado uma subida apenas até -9,3. Em sentido inverso, o subindicador referente às condições atuais afundou-se ainda mais, embora menos do que o esperado: de -79,4 para -79,9, marginalmente acima da previsão de -80,0.
Esta foi a sexta queda seguida do índice referente ao clima económico atual, colocando o indicador em mínimos de agosto 2020.
Na nota que acompanhou a divulgação dos dados, o instituto projeta que o pior para a economia alemã já tenha passado, depois de quatro trimestres difíceis desde o final de 2022.
"Parece que ultrapassámos o ponto mais baixo. As expectativas económicas dos especialistas do mercado financeiro em outubro de 2023 registam um aumento notável. Em contrapartida, a avaliação da atual situação económica na Alemanha quase não se alterou. O aumento das expectativas económicas é acompanhado pela antecipação de que as taxas de inflação irão diminuir ainda mais e pelo facto de agora mais de três quartos dos inquiridos preverem taxas de juro de curto prazo estáveis na zona euro", analisa Achim Wambach, presidente do ZEW, citado no boletim.
A expectativa do sector empresarial alemão é, portanto, de melhorias – a questão é quando. Com a avaliação do panorama atual a continuar a piorar, ainda que residualmente, a tão ansiada retoma parece estar a demorar mais tempo a chegar do que se pensou no início deste ano, quando a generalidade dos analistas adivinhava uma segunda metade do ano mais forte, em particular o último trimestre.
Isso mesmo argumenta a equipa de análise económica da Pantheon Macro. Olhando para ambos os subíndices, a sensação é que “os inquiridos esperam que a situação económica melhore nos próximos seis meses”, lê-se na nota do think-tank.
“Por outras palavras, estes números sinalizam que uma retoma está aí, mas talvez um pouco mais tarde do que se previa”, continua. Acresce que esta recuperação “não será impressionante”, dada a fraqueza recente mostrada pelos indicadores (a Pantheon recorda mesmo que o subindicador referente às expectativas económicas estava em 55 antes da invasão da Ucrânia).
Os mercados reagiram, ainda assim, com ânimo inicial, sobretudo do lado dos câmbios. As ações europeias ganharam algum terreno no início da sessão, mas foi o euro quem mais beneficiou, visto que o relatório aponta para algum risco de o discurso do Banco Central Europeu (BCE) voltar a endurecer face a uma atividade mais forte do que esperado.