1. Incerteza geopolítica e macroeconómica
A maioria (56%) dos chief risk officer inquiridos pela consultora EY para o Global
Insurance Outlook de 2025 identificam a instabilidade geopolítica como um dos três maiores riscos a enfrentar nos próximos três anos. A volatilidade e a incerteza — tanto nos mercados individuais como entre regiões — definem o setor global de seguros numa extensão que não se via há décadas. Aqui incluem-se os conflitos armados, as tensões comerciais como as provocadas pelas tarifas impostas pela administração de Donald Trump, mas também a crescente polarização política em muitos países, internamente, mas também no quadro internacional.
A instabilidade geopolítica contribui para a instabilidade macroeconómica, com efeitos na evolução da inflação, taxas de juro e no crescimento económico.
A combinação destes fatores pressiona os prémios de seguro, reduz a poupança para reformas e aumenta desigualdades, exigindo às seguradoras maior resiliência, agilidade e dimensões ajustadas à volatilidade do mercado. A incerteza económica global aumenta a variabilidade dos mercados de investimento, impactando os passivos técnicos e financeiros e ameaçando a rendibilidade.
2. Alterações climáticas e catástrofes naturais
Não há como contradizer os efeitos das alterações climáticas, que têm resultado no aumento da frequência e da intensidade das catástrofes naturais. Isto eleva os montantes indemnizatórios e requer a concretização de modelos de testes de stress climáticos, ajustamentos no preço dos prémios e iniciativas ESG.
Só no último ano, globalmente, foram registadas 45,8 milhões de deslocações internas devido a estes eventos, com 9,8 milhões de pessoas a permanecerem deslocadas dentro do seu próprio país no final de 2024, de acordo com o Internal Displacement Monitoring Centre. Representaram 70% de todas as novas deslocações em 2024.
A consultora Deloitte sublinha que as seguradoras têm exposição direta a riscos relacionados com o clima, que afetam tanto os ativos como os passivos do balanço. Em Portugal a situação é mais problemática, porque o fosso de proteção é dos piores da Europa, especialmente em incêndios e cheias, com fraca penetração de seguros nesse tipo de risco.
Cinco riscos (mais um) que preocupam o setor segurador
As palavras mais ouvidas dos gestores do setor segurador são incerteza e instabilidade. Constituem o principal risco e a nova realidade. Mas há mais: forças poderosas que vão provocar alterações no mercado, imediatamente e a prazo.
