O administrador financeiro (CFO) da Parpública, João Carlos Pinhão, deverá ser uma das escolhas para vir a integrar a administração da Companhia das Lezírias, empresa pública do sector agrícola que detém o maior latifúndio em Portugal, apurou o Jornal Económico. A companhia, que detém 18 mil hectares de olival, vinha, campos agrícolas e floresta no Ribatejo, é detida a 100% pela Parpública.
O responsável terminou este ano o seu mandato na Parpública, não transitando para a nova equipa de gestão liderada por José Realinho de Matos, que conta ainda com Marco Neves, Elisa Cardoso e João Marcelo.
João Carlos Pinhão assumiu a pasta das finanças na holding que detém o sector empresarial do Estado em julho de 2020, depois de uma passagem pela administração da empresa pública Fundiestamo (2017 a 2019). Nas duas décadas anteriores, fez carreira na banca, passando por instituições como o BNP Paribas, JP Morgan, Millennium bcp e Citigroup.
Empresa fechou 2022 com lucro de 2,2 milhões, apesar do impacto da guerra na Ucrânia
A Companhia das Lezírias é detida a 100% pela Parpública e conta atualmente com um conselho de administração composto por António Coelho de Sousa (presidente) e Maria Isabel Vinagre (vogal), que termina o seu mandato no final deste ano. A empresa dedica-se à produção de arroz, azeite e cortiça, à silvicultura, à produção de vinho e à pecuária, entre outras atividades. Em 2022 faturou 7,4 milhões de euros com a venda de bens, prestação de serviços e o arrendamento de terrenos a um total de 70 caseiros. Este valor corresponde a menos 19% que no ano anterior, enquanto o resultado líquido diminuiu em 400 mil euros para 2,2 milhões de euros, naquele que a empresa descreve como um exercício "difícil".
"O ano 2022 já se previa difícil, tendo sido marcado por um contexto de incerteza e complexidade resultante de várias pressões, entre as quais a guerra na Europa espoletada pela invasão da Ucrânia pela Rússia, o subsequente cenário inflacionista e as alterações climáticas que se fazem sentir de forma cada vez mais acentuada e se traduzem em riscos e impactos significativos na gestão agrícola e florestal", refere o relatório e contas da Companhia das Lezírias relativo a 2022
"Para efeitos de apuramento do volume de negócios da Companhia das Lezírias concorrem não só as vendas e a prestação de serviços, mas também os arrendamentos rurais e urbanos do seu vasto património. Com efeito, num universo de cerca de 70 rendeiros, aos quais corresponde aproximadamente um terço da superfície agrícola total da CL, a contribuição do volume de rendas cobradas não pode ser desligada da atividade comercial da empresa, sendo claramente uma área de negócio. Com efeito, explorar diretamente uma determinada área ou arrendá-la a terceiros para uma finalidade agrícola ou afim, é um ato de gestão e de decisão ponderada, com envolvimento direto e muito trabalho de preparação", acrescenta.
Até ao fecho da edição, não foi possível obter esclarecimentos do Ministério das Finanças.