A Caixa Geral de Depósitos (CGD) deverá manter a sua participação na Fidelidade, no âmbito da Oferta Pública Inicial (IPO) da seguradora, que a Fosun pretende realizar em 2025, apurou o Jornal Económico.
As fontes ouvidas pelo Jornal Económico consideram que este será o cenário mais provável, embora seja ainda cedo para determinar de forma conclusiva que será essa a opção do banco público, uma vez que ainda não há data para o IPO e as perspetivas para a economia global e para os mercados financeiros permanecem marcadas pela incerteza.
Se o grupo chinês Fosun vender em bolsa uma parte significativa das ações que detém na Fidelidade e a Caixa mantiver a atual posição de 15%, o banco público ganhará importância relativa na estrutura acionista da maior seguradora nacional, acautelando os interesses do Estado português num sector estratégico para a economia.
Tal como o Jornal Económico avançou em janeiro, a Fosun - que controla cerca de 84% do capital da Fidelidade e tem em marcha uma estratégia de venda de ativos para reduzir a sua dívida -, pretende colocar em bolsa uma fatia (provavelmente minoritária) do capital da seguradora. Uma vez que a operação não deverá incluir a emissão de novos títulos, se o banco liderado por Paulo Macedo optar por não vender ações da companhia a sua posição de 15% permanecerá inalterada.
Para o banco do Estado, a participação na Fidelidade é um investimento estratégico num sector que sempre teve uma forte ligação à banca. Recorde-se que a Caixa vendeu a maior parte do capital da Fidelidade e da Multicare à Fosun em 2014, durante a intervenção da Troika, por mil milhões de euros, mas manteve desde então uma parceria estratégica com as duas seguradoras.
Em 2023, a Fidelidade registou um resultado líquido positivo de 180 milhões de euros, dos quais 75,2 milhões foram distribuídos como dividendos. De acordo com os documentos que foram submetidos à assembleia geral de acionistas que teve lugar no passado dia 6 de maio, a Fidelidade está a preparar a sua entrada em bolsa, prevendo que tenha lugar em 2025, mas ainda não foi definida qual a praça onde as ações da seguradora passarão a estar cotadas.
Tal como o Jornal Económico noticiou, a intenção original da Fosun era colocar em bolsa a seguradora só após o IPO da Luz Saúde, empresa detida pela Fidelidade. Porém, a entrada em bolsa da Luz Saúde foi cancelada, uma vez que a avaliação que o mercado fazia da empresa não foi ao encontro do pretendido pela Fidelidade e pela Fosun. A Fidelidade recusou vender a Luz Saúde "a desconto", segundo uma fonte do grupo revelou ao JE.
Até ao fecho da edição, não foi possível obter esclarecimentos de fonte oficial da Caixa Geral de Depósitos.