O Brasil tem 230 milhões de habitantes, é a nona economia mundial e a maior da América Latina. São Paulo é uma cidade multicultural e um gigante centro financeiro com decisão nas compras para o canal hospitalar”. É neste contexto, segundo afirmou ao JE o presidente do conselho de administração da Associação Empresarial de Portugal (AEP), Luís Miguel Ribeiro, que esta entidade entendeu regressar à Feira Hospitalar 2024.
“A América Latina apresenta um amplo leque de oportunidades para o sector da saúde e o financiamento público tem crescido. A evolução dos gastos com a saúde, em comparação com outros continentes, também tem registado crescimento. Os países latino-americanos investiram 8% do PIB em saúde, muito próximo dos 9,3% da Europa”, disse ainda Luís Miguel Ribeiro.
A presença das empresas portuguesas foi por isso considerada muito positiva “quer em número e qualidade dos visitantes, quer em número de contactos efetuados pelas empresas participantes”, segundo revela a organização. “As expectativas foram claramente superadas pelos expositores que fizeram parte da delegação nacional, todos já conhecedores do mercado”.
A AEP já organizou a participação portuguesa na feira Hospitalar – certame dedicado ao sector da saúde e equipamento médico hospitalar – em 2012 e em 2013 “e este ano regressou com mais um grupo de empresas nacionais. Este é um evento que é o ponto de ligação entre as diversas comunidades da área da saúde, proporcionando às empresas participantes oportunidades de negócio, networking e partilha de conhecimento”.
Foram quatro as empresas presentes no certame: Ceramed, Bioceramed, Cerâmicos para Aplicações Médicas, Hydrumedical (todas da área de investigação e desenvolvimento em biotecnologia) e Moroplás. Todas convergem na identificação da inovação como um dos fatores essenciais para o crescimento empresarial – tendo foco na internacionalização dos seus interesses.
Com a América Latina a apresentar um amplo leque de oportunidades para o sector da saúde e um crescimento expressivo das healthtechs (startups que atuam no segmento), a evolução dos gastos com saúde, em comparação com outros continentes e nos últimos anos, segundo dados do Banco Mundial e da OCDE, tem vindo a crescer de forma acelerada. Por outro lado, ainda segundo a organização, verificasse um crescente aumento do financiamento público para o sector. Um exemplo: em 2021 assistiu-se a um recorde do investimento para o sector, surgindo o Brasil na liderança captando mais de 370 milhões de dólares, seguido do Chile, com 209 milhões.
Por outro lado, a saúde tem sido um dos sectores em foco no aumento das relações económicas entre Portugal e o Brasil. Um dos exemplos mais claros foi, em 2021, o lançamento do projeto de constituição da rede ‘Portugal Saúde’ no Brasil, uma associação entre os governos português e brasileiro, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e onze hospitais brasileiros de matriz portuguesa.
Mas a capacidade de os interesses empresariais terem no Brasil um ‘hub’ para chegarem a outros países do América Latina é um dos motes para o interesse despertado junto das empresas portuguesas, revela a AEP. Os números associados ao certame dão disso nota: empresas de mais de cem países estiveram em São Paulo, tendo chamado mais de 90 mil visitantes especializados – e as marcas presentes ascenderam a 1.200.