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BCP avança com venda de carteira de NPL “Lucie” e Montepio com “Gerês”

BCP pôs no mercado uma carteira de malparado e imóveis que baptizou como “Lucie”. É um portfólio de 63 milhões de NPL e 47 milhões de imóveis. O Montepio avança com “Gerês”, de 265 milhões.

O mercado de venda de distressed assets (crédito malparado e imóveis recebidos por incumprimento de crédito) está ao rubro. Desta vez foram os bancos Millennium BCP e o Montepio a porem no mercado dois portfólios.
O BCP avança com o “Projeto Lucie”, composto por 63 milhões de euros de crédito malparado secured (com colaterais) e por 47 milhões de euros de imóveis (REO - Real Estate Owned).
Já o Banco Montepio lançou há uma semana no mercado a carteira de NPL -Non Performing Loans “Gerês”, que é composta por crédito malparado no valor de 265 milhões de euros.
O banco liderado por Pedro Leitão é um dos que mais precisa de melhorar o rácio de NPL sobre crédito total. Em junho o rácio de NPE (Non-Performing Exposure) do Banco Montepio era de 9,3%, comparando favoravelmente com o rácio de junho de 2020 (12%). Mas ainda assim longe do rácio dos seus pares em Portugal.
Já o BCP tinha um rácio de NPE em junho deste ano de 5,2%.
Estas duas carteiras juntam-se a outras, cujos processos de venda estão a decorrer.
Desde logo, em fase avançada, está o processo de venda do ‘Projecto Harvey’, do Novo Banco. A entrega das propostas vinculativas é nesta sexta feira e o Grupo DDM, a Deva Capital e a DK Partners estão na corrida.
A Harvey é uma carteira de corporate/single names (grandes devedores). Ao todo são 20 grupos económicos, e segundo o “Eco”, entre eles estão devedores mediáticos como o Grupo Lena e a Urbanos, de Alfredo Casimiro, dono da Groundforce. O valor do portfólio que está no mercado soma 646 milhões de euros.
O portfólio Harvey é o nome dado ao conjunto de créditos incobráveis do Novo Banco que era para ser designado de Nata III. Em concreto é composto por oito créditos de empresas e outros 12 créditos ligados ao setor imobiliário.
O banco liderado por António Ramalho tem ainda em fase de lançamento o Projecto Orion, tal como o Económico avançou. Esse portfólio é composto por 150 milhões de crédito secured (com colaterais) e 150 milhões de euros de crédito unsecured (sem garantias). Trata-se de um portfólio de créditos “granulares” em incumprimento e não de grandes devedores.
Se juntarmos ao Orion a venda do portfólio “Harvey” de cerca de 640 milhões a grandes devedores, concluímos que o Novo Banco está em vias de se livrar de mais de mil milhões de crédito malparado.
António Ramalho, CEO do Novo Banco, tem dito que “o Novo Banco está totalmente comprometido na rota da rentabilidade e da solidez e isso implica reduzir o racio de NPLs para 5% e quanto mais cedo melhor”.
A assessorar o banco em mais uma venda de crédito malparado – desta vez de pequenos créditos ao consumo e crédito a pequenos negócios – está agora a KPMG, noticiou o Jornal Económico.
A carteira “Orion”, ao contrário da “Harvey”, não tem créditos cobertos pelo Acordo de Capitalização Contingente (CCA) do Fundo de Resolução.
As últimas vendas que tinham sido feitas de carteiras de malparado do Novo Banco – o Projecto Carter e o Projecto Wilkinson – já não acarretaram perdas significativas devido às imparidades constituídas. O que é um sinal que o balanço do Novo Banco “está bem avaliado”, segundo fonte do banco que garante que o mesmo irá acontecer quer com o Projecto Harvey, cuja venda precisa do acordo do Fundo de Resolução, quer com o Projecto Orion, que não passa pelo mecanismo de capitalização contingente.
A venda de carteiras de malparado é a forma mais rápida de os bancos reduzirem o rácio de NPL sobre a totalidade da carteira de crédito. No Novo Banco a venda destes portfólios tem-se revelado decisiva para melhorar o balanço. Em junho o Novo Banco apresentou ainda um rácio de malparado de 7,3%. Longe da meta europeia dos 5%.

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