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Banco Português de Gestão com prejuízos de 4,7 milhões no semestre continua a espera do VCredit

O BPG regista pela primeira vez um capital próprio abaixo dos 17,5 milhões de euros, ao fixar-se em cerca de 17,45 milhões de euros. Isto é relevante sobretudo porque a venda do BPG em curso ao V-Credit será feita com base na situação líquida do banco quando se realizar a transação.

O Banco Português de Gestão registou prejuízos de 4,7 milhões de euros [4.692.434 euros] no primeiro semestre deste ano enquanto espera pacientemente pela concretização da venda ao grupo chinês V-Credit.

O banco de investimento da Fundação Oriente registou em junho deste ano ativos de 144,1 milhões e os passivos ascendem a 126,6 milhões.

O BPG regista pela primeira vez um capital próprio abaixo dos 17,5 milhões de euros, ao fixar-se em cerca de 17,45 milhões de euros. Isto é relevante sobretudo porque a venda do BPG em curso ao V-Credit será feita com base na situação líquida do banco quando se realizar a transação.

O BPG tem realizado um esforço de limpeza do balanço nos últimos anos, depois de o malparado ter superado os 60% em 2018, com a reestruturação a ter impacto nos resultados e no capital. O banco acumula prejuízos desde 2015.

Carlos Monjardino, chairman do BPG, e presidente da Fundação Oriente, tem vindo a falar dos desafios que os bancos atravessam com as crescentes exigências regulatórias.

O Banco Português de Gestão (BPG) realizou vários aumentos de capital entre 2015 e 2018, totalizando mais de 30 milhões de euros, suportados por injeções da Fundação Oriente para ajudar a limpar o seu balanço do malparado.

Em março deste ano, a Fundação Oriente injetou mais dois milhões de euros no capital do banco, e segundo as nossas fontes ao todo a Fundação já injetou em aumentos de capital de cerca de 80 milhões de euros desde 2015.

O banco opera num ambiente adverso. Tal como revela no relatório e contas de 2024, o seu presidente João Costa Pinto. "A exploração revelou-se particularmente difícil. Para além da pressão de origem regulamentar para aumento da despesa, que se vem verificando ano após ano, também a geração de proveitos, em particular de margem financeira, foi bastante comprometida em 2024 pela conjugação de um custo de fundos muito elevado com uma capacidade de angariação de
negócio limitada", refere João Costa Pinto.

"Efetivamente, o BPG está limitado, pelas suas circunstâncias, à obtenção de recursos por oferta de depósitos a taxas acima da média. Ora, com funding caro e restrições naturais de mínimo retorno e apetência ao risco, o espaço real da oportunidade de negócio revelou-se exíguo. A movimentação das taxas de juro contribuiu para agravar esta situação em 2024", acrescenta o presidente.

Pelo lado positivo, "destacou-se a expansão da base de clientes particulares do banco impulsionada pela transformação digital. Esta angariação de clientes provenientes do mercado doméstico permitiu ainda reduzir significativamente a dependência histórica do BPG de depositantes de plataformas europeias e constitui uma base importante para cross-selling", destacou ainda João Costa Pinto.

Portanto, a salvação do BPG radica no sucesso do processo de venda. É conhecida a promessa de compra e venda, devidamente contratualizada, entre os atuais acionistas do BPG e os da V-Credit, sociedade cotada na Bolsa de Hong-Kong.

No relatório e contas de 2024, a expetativa do Conselho de Administração, "tendo presente a perceção geral sobre o estado do processo, é de que a realização da operação venha a ocorrer durante o ano em curso, o que, a acontecer, criará as condições de capitalização e tecnológicas que permitirão o reequilíbrio das condições de exploração e o relançamento do negócio, o que se espera que esteja espelhado no plano de negócios entregue em devido tempo pelo promitente comprador às Autoridades de Supervisão", segundo escreveu o Presidente do Conselho de Administração, João Costa Pinto.

No entanto, estamos em Outubro e não há sinais de que o negócio esteja prestes a ver a luz do dia. O Jornal Económico que processo continua a avançar ainda que lentamente no Banco de Portugal.

Segundo o documento inicial (de 2023) A venda será feita pelo “net asset value”, que em 2022 era de 19,5 milhões e inclui um “earn-out”. A V-Credit compra ainda a dívida subordinada.

Recorde-se que a Fundação Oriente acordou, em 2023, vender o Banco Português de Gestão (BPG) pelo valor do ativo líquido do banco.

O acordo, noticiado na altura pelo Jornal Económico, revela que “com base nas demonstrações financeiras auditadas do BPG, relativas a 2022, o valor do património líquido era de 19.471.331 euros [19,5 milhões de euros]”. Este será portanto o valor referência para a compra das ações. Mas o acordo inclui ainda a compra da dívida subordinada de três milhões de euros (acrescida de juros acumulados) e um mecanismo de Earn-Out, que consiste na partilha de ganhos futuros. Não foi possível saber se a venda se fará nas mesmas condições estipuladas em 2023.

A V-Credit pagou um adiantamento em dinheiro de um milhão de euros após a assinatura do Contrato de Compra e Venda. O adiantamento está previsto ser aplicado no pagamento das ações na conclusão da venda ou reembolsado à sociedade chinesa se “as condições precedentes não forem satisfeitas”.

Em 5 de maio de 2023, a Fundação Oriente assinou o acordo de venda de de 98,87% do BPG aos chineses da V-Credit Holdings Limited. Desde então que o processo está no Banco de Portugal para autorização

Com a venda o BPG tornar-se-á uma subsidiária integral da sociedade chinesa, segundo o documento de 2023 assinado por Ma Ting Hung, Chairman da Vcredit.