O anúncio da transformação das forças de segurança do Kosovo num exército nacional veio reabrir velhas feridas nos Balcãs. A intenção das autoridades kosovares promete pôr em causa o equilíbrio geopolítico no secular “barril de pólvora” da Europa. A Sérvia, que nunca reconheceu a independência do Kosovo - proclamada em 2008, dez anos depois da guerra com a NATO, que obrigou as forças sérvias a retirar da então província de maioria albanesa - acusa os kosovares de estarem a avançar com uma medida “unilateral e provocatória”, que viola as resoluções da ONU. O governo de Belgrado alega que a criação de um exército kosovar ameaça a segurança da minoria sérvia local e, com o apoio da Rússia, admite mesmo uma intervenção militar caso não haja um recuo. Com a tensão a adensar-se, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) está dividida e agarra-se à esperança de que a vontade de aderir à União Europeia (UE) refreie a Sérvia de dar início a um novo conflito sangrento nos Balcãs.