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Apesar de onda de frio, preços do gás descem e Portugal lidera reservas

Apesar do frio na Europa e da tensão no Mar Vermelho, os preço do gás estão a recuar. Portugal tem as reservas cheias.

Portugal é o país da União Europeia (UE) que conta com as maiores reservas de gás natural, em percentagem.

O país conta com 96,18% das suas reservas preenchidas (33 TWh) mais de 17 pontos acima da média registada na UE de 79,74% (908 TWh). Segue-se a Suécia (92%) e a Áustria e Polónia (ambas com 88%).

O pior registo encontra-se na Croácia com 66%, seguido da Letónia (71%) e de França (72%), segundo os dados da Gas Infrastructure Europe.

Por valores absolutos, a Alemanha lidera com 213 TWH, mas com as reservas a 84% da sua capacidade, seguida de Itália (148 TWh, 75%) e dos Países Baixos (106 TWh, 75%).

Fora da UE, é de assinalar as baixas reservas da Ucrânia, apenas 25%, com o Reino Unido a registar 72% de reservas.

Os preços do gás para entrega em fevereiro estavam a recuar 7% no índice neerlandês TTF, a referência para a Europa, na segunda-feira. Para os contratos com entrega em março, abril e maio, os preços dos futuros estavam a recuar mais de 6% na sessão de ontem.

Para António Sá da Costa, a "Europa está com muitas reservas, o inverno não está a ser tao frio como esperado, há pouca procura. Tem havido alturas de muito frio, mas não tem sido permanente. Está-se a gastar menos gás e a Europa encheu as reservas no início do inverno".

"Antes, o preço do gás baixava no verão na Europa. Mas com a história da Rússia, os produtores baixam o preço para aliciar, para os países irem repondo aos poucos, para não comprarem no verão. Isto vai levar a que quando chegar o verão, o diferencial de preços vai ser menor" face ao que acontecia antes da invasão russa da Ucrânia, segundo o especialista de energia.

Na segunda-feira, o Qatar suspendeu o envio de navios-metaneiros (que transportam gás natural em em estado líquido (GNL)) através do Mar Vermelho.

A QatarEnergy, a segunda maior exportadora mundial de GNL, decidiu cancelar o trânsito de quatro navios via Mar Vermelho, segundo a "Reuters".

Ao mesmo tempo, outros seis petroleiros decidiram alterar a rota e optaram por seguir a rota de Vasco da Gama, pelo Cabo da Boa Esperança na África do Sul. No espaço de uma semana, pelo menos 15 petroleiros já alteraram a sua rota, tanto no sentido ocidente-oriente como no sentido oriente-ocidente.

Mas apesar do inverno estar a meio (numa altura em que aumenta o consumo de gás na Europa devido a necessidades de aquecimento) e com a tensão no Mar Vermelho, os preços

"Esta é uma pausa para obter conselhos sobre segurança, se navegar pelo Mar Vermelho continua a ser pouco seguro ou se vamos através do Cabo", disse uma fonte à "Reuters" referindo-se à QatarEnergy. A rota por África pode acrescentar nove dias aos habituais 18 dias de viagem do Qatar para o norte da Europa. Cerca de 12% do comércio mundial transita pelo canal do Suez.

Os rebeldes Houthis do Iémen têm estado a realizar ataques no Mar Vermelho em protesto contra a ofensiva militar de Israel na Faixa de Gaza.

A coligação militar dos EUA/Reino Unido para travar os ataques (CMF) lançou um alerta na passada sexta-feira para os navios evitarem o estreito de Bab al-Mandab durante vários dias.

Na semana passada, a coligação lançou ataques aéreos contra bases militares no Iémen, na capital Sanal, numa base naval no Mar Vermelho e na terceira maior cidade, Taiz.

Na semana passada, tempestades de neve causaram disrupções no norte de França. A frente fria também afetou o leste da Europa recentemente, como a Sérvia e a Polónia. No início do ano, as temperaturas atingiram 40 graus negativos na Finlândia e na Suécia. Já França, Alemanha e os Países Baixos foram atingidos por cheios entre o final do ano e a primeira semana de 2024. Já a tempestade Henk atingiu fortemente o Reino Unido, Irlanda e os Países Baixos no início do ano com as cheias a causarem disrupções no abastecimento de eletricidade e nos serviços de transportes.

Em dezembro, o consumo de gás em Portugal recuou mais de 11% devido à quebra de consumo para a produção de eletricidade. O consumo em 2023 caiu mais de 20%, com a quebra de 50% no gás para produção de eletricidade, segundo os dados da REN.

A maioria do gás consumido no país durante o mês passado chegou a Portugal via navio, através do terminal de GNL de Sines.