Quando o novo elenco do governo alemão liderado pelo social-democrata Olaf Scholz foi conhecido, a maioria dos analistas económicos – com especial incidência entre os articulistas ao serviço da comunicação social francesa – manifestou o temor de que o novo ministro das Finanças, o liberal Christian Lindner, pudesse ser um entrave à flexibilização das regras europeias, necessárias para responder à crise patrocinada pela pandemia global de Covid-19. As primeiras declarações de Lindner reforçaram esses temores – o novo ministro insistiu, por diversas vezes, que a “estabilidade”, nomeadamente da zona do euro, seria uma condição essencial para a recuperação e que o Banco Central Europeu não podia continuar ad aeternum a absorver dívida. Mas o certo é que as primeiras decisões tomadas pelo seu gabinete permitiram aliviar as reservas face à sua ascensão a ministro. Desde logo a escolha do economista Joachim Nagel, próximo de Scholz, para dirigir o Bundesbank, o banco central alemão. Nagel é a antítese do seu antecessor, Jens Weidmann, um ortodoxo da linha dura: considera que é com “crescimento e investimento” que a Europa vai recuperar a economia comum e deu sinais de abertura para a reforma das regras fiscais da Europa.