A balança comercial alemã cresceu em maio, contrariando as expectativas do mercado, mas apenas porque a projetada queda nas exportações foi superada por uma descida ainda maior do lado das importações. Apesar da melhoria na componente externa, estes números, que são mínimos de cinco meses, tanto do lado das exportações, como das importações, criam algumas dúvidas sobre a magnitude da recuperação do consumo alemão, consideram os analistas.
O saldo da balança comercial alemã melhorou para 24,9 mil milhões de euros em maio, depois de ter ficado em 22,2 mil milhões de euros em abril, isto quando o mercado projetava uma queda para 19,9 mil milhões. Esta evolução deveu-se a uma queda de 3,6% em cadeia nas exportações, que acabou mais do que compensada pelo recuo de 6,6% nas importações, detalham os dados divulgados pelo gabinete de estatística germânico esta segunda-feira.
Tal significa que as exportações tocaram mínimos de cinco meses, contabilizando apenas 131,6 mil milhões de euros em maio, tal como as importações.
As exportações para países da moeda única caíram 2,5% em cadeia, pouco menos do que os 2,7% registados nas vendas para fora da zona euro. Nos países fora do bloco europeu, destaque para a queda de 10,2% nas exportações para a China, enquanto as exportações para o Reino Unido contraíram 11,7%. Já as vendas para os EUA caíram 2,9%.
Do lado das importações, a primeira queda em cinco meses deveu-se sobretudo à zona euro, de onde as compras alemãs caíram 8,9%, registando-se um declínio de 4% no resto do mundo. Contrariamente ao que sucedeu com as exportações, as compras à China e aos EUA cresceram 1,7% e 4,6%, respetivamente.
Apesar da boa notícia do lado comercial, a queda das importações coloca algumas dúvidas quanto à evolução do consumo, argumenta a Pantheon Macro. Tal é ainda mais relevante num contexto em que a economia alemã mostrava indícios crescentes de recuperação após a recessão no final de 2023.
Ainda assim, “a correlação entre importações e gastos dos consumidores é longe de perfeita”, reconhece o think-tank, pelo que os efeitos no crescimento não serão lineares. De toda a forma, o rendimento real está a acelerar e “a tendência nas importações e exportações é muito provavelmente melhor” do que os dados mais recentes sugerem.