A Airbus pretende abrir um novo centro de serviços globais em Lisboa. O projeto ainda está numa fase embrionária, mas a fabricante aeronáutica ambiciona alocar cerca de de 100 pessoas a este espaço. Esta nova localização surge depois do investimento de mais de 40 milhões de euros na nova fábrica da Stelia em Santo Tirso, que deverá estar operacional em 2023 e com 300 trabalhadores nesta cidade no distrito do Porto.
“A Airbus está continuamente a desenvolver as suas capacidades industriais e também os processos ligados à internet. Face a este desenvolvimento, decidimos abrir um Airbus Self-Services Center em Lisboa. A ideia é que este centro de serviços, nesta primeira fase em que estamos hoje, com um comité aqui, tenha self-services para dar resposta a todas as divisões e todas as geografias da Airbus. O foco será a internet, as tecnologias da informação e os processos de compras. O objetivo é que, pela primeira vez na Airbus, tenhamos um centro destes a funcionar com todos os países e todas as unidades de negócios que temos”, disse ao Jornal Económico (JE) César Sanchez, vice-presidente da Airbus para a Europa do Sul e Israel, sem adiantar mais detalhes sobre o investimento.
Em meados de 2020, com as companhias aéreas a viver o pior momento da crise causada pela pandemia de Covid-19, a Airbus cortou a produção em um terço. “Reorganizámo-nos em muitos campos. Em particular em países como França, Espanha e Alemanha estamos a fazer um enorme esforço para manter o maior número de empregos possíveis. Esta indústria tem uma resiliência muito forte quando estamos a falar da sobrevivência de toda a cadeia, dos maiores players como a Airbus até aos clientes, as transportadoras aéreas e a restante cadeia de abastecimento. Apesar da crise, podemos dizer hoje que sobrevivemos a situações difíceis, mas temos de nos manter discretos até que a crise esteja mesmo terminada. Estamos a trabalhar fortemente no futuro com Portugal e com a indústria portuguesa”, afirmou César Sanchez ao JE, no evento “Industry Day”, organizado pela AED Cluster Portugal e pela idD – Portugal Defence, a holding que gere as participações que o Estado detém em empresas na área da Defesa. A Airbus foi a convidada de honra do ciclo que se realizou no Forte de São Julião da Barra, em Oeiras, na passada sexta-feira e que contou com a presença de empresas parceiras da multinacional como a LAUAK, a Critical Software, a R&B ou a OGMA.
Segundo o presidente da AED – o cluster português para as indústrias de aeronáutica, espaço e defesa -, este mercado está a ser bem-sucedido, com investimentos que já permitiram criar mil empregos, por causa da coordenação entre instituições e Estados-membros.
Nos primeiros nove meses do ano, a Airbus registou um lucro de 2.635 milhões de euros, o que representa uma clara melhoria comparativamente às perdas registadas em 2020 e uma ligeira subida em relação aos 2.186 milhões de euros reportados entre janeiro e setembro de 2019. A empresa explicou a evolução nos resultados com o aumento das entregas de aviões e helicópteros, que ficou em standy-by por causa do vírus, e reviu em alta o outlook para 2021, esperando agora atingir um rendimento operacional líquido ajustado de 4,5 mil milhões de euros este ano. Só no passado mês de novembro, a empresa com sede em Leiden, nos Países Baixos, anunciou que recebeu uma encomenda de 255 aviões por parte do fundo norte-americano Indigo Partners, o que se traduz no negócio mais significativo da empresa desde que o mundo enfrenta a crise pandémica.