or distração, comodidade ou simples desconhecimento, é frequente que se esqueça que a Itália que hoje conhecemos como nação tem pouco mais de 150 anos (nasceu, com consequências profundas para a Europa, em 1870). Há por isso uma Itália do Norte, uma Itália do Sul, uma Itália urbana, uma Itália rural, uma Itália profundamente católica e, possivelmente entre outras, uma Itália herdeira de um dos maiores partidos comunistas da Europa pós-Guerra Mundial. Mais recentemente, há agora também uma Itália pró-europeia e uma Itália anti-europeia. Por comodidade ou simples desconhecimento de todas as idiossincrasias da sociedade italiana, a Europa – ou pelo menos a Europa acantonada na Comissão Europeia – quis acreditar (alguma vez teria de o fazer) que Mario Draghi, travestido de primeiro-ministro depois de dirigir o Banco Central Europeu com assinalável êxito e contra a armada dos frugais, seria uma espécie de síntese de todas as Itálias, alguém que podia exercer sobre elas uma força de atração que transformasse o todo num bloco bem mais coeso que a simples soma das partes.