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Adeus da Siemens, Google e Meta à Web Summit é definitivo

Empresa que organiza a cimeira em Lisboa avança que há parceiros a reverter a decisão, mas as maiores tecnológicas mantêm a decisão que tomaram no fim de semana: a de não estarem presentes.

Das seis grandes empresas que cancelaram a presença na próxima Web Summit em Lisboa, pelo menos três - Siemens, Google e Meta (Facebook) - não mudaram de ideias. A dona do maior motor de busca do mundo até vai mais além na despedida e fala ao Jornal Económico (JE) de uma parceria do passado.

Contactada, fonte oficial da Siemens adiantou ao JE que “não há nenhum novo desenvolvimento”, depois da demissão do irlandês Paddy Cosgrave da liderança da Web Summit, anunciada no domingo. “A Siemens não participará na Web Summit. Não divulgamos mais detalhes”, acrescentou.

“A decisão já é pública e está tomada. A decisão é aquela. A Google era um parceiro da Web Summit, foi-o durante muitos anos, mas em relação à nossa participação futura, é que é definitivo”, afirmou ao JE o country manager da Google Portugal, Bernardo Correia.

Questionado sobre se a rescisão do CEO da Web Summit ao cargo altera a decisão da Google, o responsável pelo negócio da subsidiária da Alphabet em Portugal respondeu: “Não, neste momento a decisão que está tomada é a que foi comunicada. Não temos rigorosamente mais nada a acrescentar.”

https://jornaleconomico.pt/noticias/web-summit-alguns-parceiros-reverteram-a-sua-decisao/

Há uma certeza nesta história: a Web Summit vai realizar-se e continuará a haver espaço para networking, inclusive à noite (Night Summit), para criar oportunidade de negócio e fazer contactos. Palavra da organização, que desde a manhã desta segunda-feira foi para o local (Parque das Nações) para construir as infraestruturas necessárias para o evento, que ocupará cerca de 215 mil m2, mais 11 mil m2 do que em 2022.

Fonte oficial da Web Summit garantiu que algumas das empresas que estavam a ponderar a participação confirmaram agora a presença. Então, das seis que disseram que não, no sábado e no domingo, todas continuam a dizer que não? Fica a dúvida no ar. A indicação que nos foi dada sobre o “regresso a bordo” refere-se apenas a empresas que estavam a ponderar a sua presença no evento, portanto em processo de decisão.

“Esperamos receber até 70 mil pessoas em Lisboa com um programa completo”, diz a organização. Há também um recorde de 2.600 startups a chegar à capital portuguesa dentro de três semanas, o que representa um acréscimo de cerca de 300 startups em relação a novembro do ano passado, bem como mais de 800 investidores e na ordem dos dois mil jornalistas confirmados. Na semana passada, foram vendidos mil bilhetes e, nos últimos dois dias, a organização tem registado contactos de pessoas à procura de ingressos.

Em 300 parceiros, o cancelamento formal de seis poderia não ser um número preocupante se não estivéssemos a falar das maiores empresas de tecnologia do mundo. Para completar o quadro, só restava a Microsoft e a Apple estarem neste grupo, o que só seria possível se fizessem parte da listagem inicial. No entanto, nem a Microsoft nem a Apple fazem – ou fizeram – parte dos parceiros deste ano.

A Microsoft mantém apenas uma representante na lista de oradores (speakers) deste ano - Melanie Nakagawa, Chief Sustainability Officer, que fará uma intervenção no último dia no palco “Planet Tech” – e a Apple fez-se representar apenas em 2022 com Sumbul Desai, vice-presidente de Saúde da Apple.

A lista de parceiros que está disponível no website oficial da Web Summit foi atualizada ontem com a retirada das empresas que decidiram, e informaram publicamente, que iriam cancelar a sua participação na cimeira: Meta, Alphabet (Google), Amazon, Intel, Siemens e Stripe. O semanário “Expresso” menciona ainda a IBM.

A Stripe, uma das maiores empresas de pagamentos digitais do mundo e que também sido presença habitual na conferência, era um dos destaques que surgia no ecrã assim que se entrava no separador de “Partners”. À data de hoje, é possível ler-se apenas: “Com a Amazon Web Services, a Canva e a Volkswagen a bordo, algo na Web Summit funciona claramente para os nossos parceiros globais”.

O JE contactou uma série de parceiros do evento – entre os quais EDP, Galp, Meo, KPMG, EY, Santander X, Mercedes-Benz.io, Boston Consulting Group (BCG), Webhelp ou Airbus – para perceber se mantêm o plano de ter um stand na Web Summit 2023. Até ao fecho deste artigo não foi possível obter comentários oficiais sobre o que “funciona claramente” para estes parceiros.

O que se sabe é que estas parcerias envolvem sempre acordos comerciais, portanto, com investimentos envolvidos, de acordo com a informação transmitida por fonte oficial da Web Summit ao JE. “Temos uma equipa especializada de parcerias que trata da parte de trazer os parceiros para a empresa e trabalha individualmente com cada uma para que consigamos entregar o máximo de resultados. Dependendo do que procura, encontra-se o stand de diferentes tamanhos, ou uma zona para trazer o seu staff, mentor hours com startups. São acordos comerciais”, confirmou.

Há outras personalidades internacionais que entraram no boicote, nomeadamente Garry Tan, CEO da Y Combinator, Ori Goshen, co-CEO da AI21 Labs, Ravi Gupta, sócio da Sequoia, Keith Peiris, CEO da Tome, Adam Singolda, da Taboola, ou David Marcus, CEO da Lightspark e ex-presidente-executivo da PayPal.

Por detrás de toda esta polémica está o seguinte tweet de Paddy Cosgrave: "Estou impressionado com a retórica e as ações de tantos líderes e governos ocidentais, com a exceção particular do Governo da Irlanda, que pela primeira vez está a fazer a coisa certa. Os crimes de guerra são crimes de guerra mesmo quando cometidos por aliados, e devem ser denunciados pelo que são".