Talvez não seja um acaso histórico: um pouco mais de um século depois da Revolução Russa de 1917 é publicada em português, numa versão colorida, a primeira aventura de Tintin, passada no país dos sovietes, editada originalmente no suplemento juvenil do jornal belga conservador “Le Vingtième Siècle” entre 1929 e 1930. O herói era um jovem repórter belga, que acompanhado do seu cão (Milou) parte para a URSS para escrever sobre as políticas do governo bolchevique de Estaline. A tentativa de Tintin expôr a pobreza e a repressão na URSS leva a que os agentes dos serviços secretos soviéticos o tentem matar. A obra é, claro, alinhada ideologicamente, de uma forma quase propagandística, algo normal numa época de grandes atritos políticos. Hergé (Georges Remi de seu verdadeiro nome) acabaria por, nos anos seguintes, e mesmo durante a II Guerra Mundial, ir refinando o seu personagem, que acabaria por se tornar um dos mais marcantes da chamada escola franco-belga de banda desenhada.