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Xi Jinping propõe o grande salto em frente da Ásia-Pacífico

No final da sexta Sessão Plenária do Comité Central do Partido Comunista da China, pouco pródiga no capítulo da transparência, o presidente chinês terá reforçado o seu poder no interior do regime e lançou as bases de uma nova aliança. Muito oportuna no caso de uma nova Guerra Fria estar a caminho.

Não é a primeira vez que o presidente da China, Xi Jinping, vai buscar aos baús da história termos e conceitos que pareciam erradicados da geopolítica internacional, mas desta vez fê-lo no âmbito de uma das mais importantes reuniões internas do Partido Comunista da China (PCC), que decorreu esta semana: alertou para o regresso às tensões da era da Guerra Fria na Ásia-Pacífico. ‘Guerra Fria’ foi o termo que Xi Jinping usou há poucas semanas para caraterizar a forma como a administração norte-americana encara as relações com a China – a ela tendo regressado quando se pronunciou sobre a criação da tríplice aliança militar entes os Estados Unidos, o Reino Unido e a Austrália (AUKUS).
Desta vez, e depois do fim desta sexta Sessão Plenária do Comité Central do PCC, o presidente chinês foi um pouco mais longe: exortou a região Ásia-Pacífico a unir-se contra os sinais de guerra fria que emanam do Ocidente – e aos quais diz que só é possível responder com uma união de esforços e de missão. O objetivo é o de construir uma comunidade Ásia-Pacífico com um futuro partilhado a vários níveis.

A reunião interna do PCC, que agregou cerca de 370 membros permanentes e não-permanentes à porta fechada, não é assunto para ser tratado na praça pública e isso mesmo sucedeu no final dos quatro dias de encontros. Mas os analistas são definitivos sobre o seu significado: é talvez a terceira mais importante reunião do PCC (que fez recentemente 100 anos), só comparável às que sucederam em 1945 (que serviu para consolidar Mao Tsé-Tung como líder indiscutível) e em 1981 (que ‘engavetou’ o maoismo e lançou as profundas reformas patrocinadas por Deng Xiaoping). A reunião desta semana terá servido para consolidar o poder de Xi Jinping sobre o aparelho partidário (que aos poucos tem reduzido o número de membros do Comité Central e das restantes estruturas de topo) e, por inerência, sobre o governo do país.
Em princípio – mas sobre estas matérias não há declarações oficiais – o enclave terá decidido que Xi Jinping, secretário-geral do partido, chefe de estado e presidente da Comissão Militar Central, renovará estes seus múltiplos mandatos para o ano (no 19.º congresso do PCC), mas desta vez sem prazos no horizonte. Ou, dito de outra forma, Xi Jinping pode vir a eternizar-se no poder enquanto assim quiser – coisa que não esteve ao alcance dos seus antecessores, que tiveram sempre um ‘prazo de validade’ de 10 anos.

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