Skip to main content

Vila Galé vai abrir sete hotéis em Portugal, Espanha e Cuba

Grupo liderado por Jorge Rebelo de Almeida teve um EBITDA de cerca de 98 milhões de euros em 2022, que serve para financiar a estratégia de crescimento em Portugal e no estrangeiro. Grupo prepara expansão para fora dos países lusófonos, com aberturas em Espanha e em Cuba. Neste país, Vila Galé é também brasileiro, diz Rebelo de Almeida numa entrevista que poderá ler na íntegra na edição impressa do JE, na próxima sexta-feira.

O Grupo Vila Galé pretende abrir mais quatro hotéis em Portugal, um em Cuba e outro em Espanha, num primeiro passo para a sua internacionalização fora do espaço lusófono, disse ao Jornal Económico o fundador do grupo, Jorge Rebelo de Almeida, numa entrevista que poderá ler na íntegra na próxima sexta-feira, na edição impressa do Jornal Económico. A estas seis novas unidades deverá juntar-se outro hotel em Cuba, elevando o total para sete, mas o grupo não divulga detalhes sobre este outro projeto cubano.

Com estas aberturas, no próximo ano o Grupo Vila Galé passará a contar com 35 hotéis em Portugal, dez no Brasil, dois em Cuba e um no país vizinho. Questionado pelo Jornal Económico sobre se a subida das taxas de juro condiciona a estratégia de crescimento do grupo, Jorge Rebelo de Almeida respondeu que o mais preocupante tem sido a subida dos preços da construção, que aumentaram muito nos últimos anos. Mas o facto de o grupo financiar a sua expansão sobretudo com recurso a capitais próprios tem permitido enfrentar a subida dos custos de financiamento.

"A nossa dívida é inferior ao nosso EBITDA. E repare, em 2022 tivemos um EBITDA de cerca de 98 milhões de euros. Podíamos pagar a nossa dívida num ano", afirmou Jorge Rebelo de Almeida, frisando que o grupo tem tido lucros todos os anos e que investe esses proveitos na sua atividade. "Somos um grupo de capitais 100% portugueses e fomos os primeiros a apostar a sério no turismo interno. Quando abrimos o primeiro hotel Vila Galé, no Algarve, em 1988, fizemo-lo porque sentimos que havia muitos portugueses que sentiam que recebiam um tratamento de segunda nos hotéis do seu próprio país, com as ementas em inglês e outras coisas", acrescentou.

Essa aposta em Portugal continua e estão previstas aberturas de novos hotéis em Miranda do Douro, Ponte de Lima, Elvas e Caxias (Oeiras). Em Ponte de Lima, trata-se do Paço do Curutêlo, uma antiga casa senhorial que será convertida em hotel e que no próximo ano vai disponibilizar 87 quartos. Em Elvas, o Vila Galé vai recuperar uma antiga fábrica de concentrado de ameixa, situada no centro daquela cidade raiana. Em Miranda do Douro, a nova unidade do grupo pretende apostar não só nos turistas portugueses mas também nos visitantes vindos de cidades espanholas relativamente próximas, como Salamanca.

Em Cuba, o Vila Galé é brasileiro

Em Cuba, o grupo vai começar a explorar um hotel em Caio Paredon, a cerca de 80km de Havana, cuja concessão ganhou em concurso público e que vai gerir em parceria com a Gaviota, a empresa estatal de turismo de Cuba. Trata-se de um hotel construído de raiz junto à praia, com 638 quartos, que deverá entrar em funcionamento em outubro. Posteriormente, o grupo Vila Galé deverá também explorar um hotel na capital cubana.

"Tenho muita simpatia por Cuba. Eles passam muitas dificuldades devido ao embargo americano e esta é a nossa forma de os ajudar", começou por dizer Jorge Rebelo de Almeida. O facto de o grupo estar presente no Brasil há cerca de 20 anos terá ajudado a levar a bom porto esta parceria em Cuba, dadas as afinidades entre os dois países latino-americanos. "Quiseram-nos não porque somos portugueses, mas sim porque também somos brasileiros. A equipa que vai gerir este projeto é composta por colaboradores nossos do Brasil", frisou o empresário.

Por outro lado, sobre o projeto de Espanha, Jorge Rebelo de Almeida não abre o jogo, prometendo novidades em setembro.

O grupo inaugurou este fim de semana o Vila Galé Nep Kids e o Vila Galé Collection Monte do Vilar, na Herdade de Santa Vitória, em Beja. Ambos estão localizados numa propriedade agrícola com 400 hectares, onde se produzem o vinho e o azeite Santa Vitória. O primeiro é um hotel para famílias com crianças e está equipado com jogos diversos, um carrossel e outros equipamentos destinados aos mais pequenos. O segundo é um hotel vocacionado para o agroturismo. Além destes dois hotéis alentejanos, o grupo liderado por Jorge Rebelo de Almeida abriu este ano novas unidades em Tomar e na ilha de São Miguel, num investimento global de 50 milhões de euros.

“Temos dado um salto grande. Não desistimos após este período e este projeto (Nep Kids) foi um investimento significativo, de cerca de 13 milhões de euros”, frisou. “Na vida, temos de ter sempre desafios pessoais e profissionais”, disse o fundador do grupo Vila Galé.

Críticas à demora nos licenciamentos e aos grupos que subiram preços de "forma vertiginosa"

Na sua intervenção durante a inauguração do Nep Kids, Jorge Rebelo de Almeida criticou a demora nos licenciamentos de projetos em Portugal, salientando que isso coloca em causa o crescimento económico e o desenvolvimento do país. O empresário criticou ainda os grupos hoteleiros que, segundo diz, este ano “subiram os preços de forma vertiginosa” e agora estão a sofrer com a “ligeira descida” na atividade, devido ao facto de este ano existir um menor número de turistas portugueses do que em 2022.

“Este país está a voltar a uma fase mais difícil. Licenciar é muito difícil porque as pessoas não têm noção do tempo e do custo que isso representa para uma empresa. Estamos habituados a ter um problema e a resolver na hora, mas há pessoas na administração central e local que não entendem isso”, disse.

O fundador do Vila Galé admitiu que o turismo está a ter “uma ligeira queda”, após o “ano espetacular” que foi o ano passado, que superou 2019.

“Os grandes responsáveis foram os portugueses, que gastaram um pouco das poupanças da pandemia. Mas este ano temos muitos portugueses a ir para fora, ou então não conseguem fazer férias, e por isso estamos a assistir a uma ligeira descida em alguns segmentos. Mas para alguns que estiveram à espera do ovo ‘no cú da galinha’ e que subiram os preços de forma vertiginosa, por serem gananciosos, isto é um problema”, defendeu, referindo-se também ao facto de alguns preços terem subido devido à Jornada Mundial da Juventude. “Nós não fazemos isso”, frisou.