A VIC Properties vai ouvir os “stakeholders” no processo de venda dos ativos imobiliários em Portugal, nomeadamente os detentores da emissão de 250 milhões de euros obrigações “Secured Pre-IPO Convertible Bonds” – obrigações convertíveis Pré-IPO com garantia, e o Novobanco que financiou a aquisição da Herdade do Pinheirinho, tendo ficado com a hipoteca desse ativo e ainda dos terrenos da Matinha como colateral. No entanto, o parecer – quer dos obrigacionistas, onde figura, por exemplo, o Banque Pictet, da Suíça, quer do Novobanco – é meramente consultivo, assegura fonte ligada ao processo.
Mas por que razão é que a Alantra – assessora financeira da venda que vai avaliar as propostas não vinculativas entregues no passado dia 25 de novembro – e a administração da VIC vão ouvir os obrigacionistas e o Novobanco? Porque o Novobanco financiou a VIC Properties em 80 milhões de euros para a compra do Pinheirinho, vendido por 60 milhões em 2020, um ativo que estava coberto pelo Fundo de Resolução. Para esse financiamento o banco recebeu como colateral os dois ativos imobiliários, a Matinha e o Pinheirinho.
A concretizar-se a venda destes ativos, parte do encaixe será para pagar a dívida ao Novobanco.
Só depois de pagas as dívidas bancárias é que os obrigacionistas serão reembolsados. Em causa está a dívida emitida no valor de 250 milhões com juro de 3% e maturidade em 2025. Apesar de só vencer em 2025, há uma data para executar a put option (opção de venda), que tem vindo a ser adiada.
A Alantra recebeu mais de 20 propostas não vinculativas (non-binding offers) para a compra dos ativos que a VIC Properties pôs à venda. Além do Prata Riverside Village, a VIC pôs à venda o empreendimento da Matinha, em Lisboa, e a Herdade do Pinheirinho, em Melides.
Depois da entrega das propostas não vinculativas, arrancam as negociações com vista à apresentação de propostas vinculativas, o que implica prévias due-diligences aos ativos a serem feitas pelos interessados. É na escolha dos candidatos que passam à fase das propostas vinculativas que serão ouvidos os vários “stakeholders”, sendo que a decisão de venda cabe sempre aos acionistas, a Aggregate Holdings, uma sociedade de investimento imobiliário alemã que detém a VIC Properties.