Com a alienação do EuroBic a arrastar-se há mais de um ano e meio, termina, no início da próxima semana, o prazo para entrega das propostas finais dos interessados na corrida à aquisição de uma participação de 52,5% do banco. O Novobanco e os espanhóis do Abanca são apontados como os grandes candidatos numa altura em que os concorrentes à compra de uma posição maioritária se queixam de não estar a ser disponibilizada toda a informação necessária para a avaliação do EuroBic, o que poderá atrasar as negociações diretas face a previsíveis ofertas não vinculativas.
O processo competitivo de alienação do EuroBic foi lançado em janeiro para ultrapassar obstáculos na venda, cuja concretização arrisca-se agora a resvalar para 2022. Fontes próximas ao processo avançaram ao JE que o processo de venda “está extremamente confuso”, explicando que em causa está a forma como está a ser gerido, nomeadamente o tipo de informação que está a ser pedida pelos interessados no data-room (base de dados da instituição) e que só está a ser disponibilizada parcialmente.
“O processo está a ser conduzido de forma não suficiente para o banco poder ser avaliado”, diz uma dessas fontes. O JE sabe que em causa estão informações regulatórias e legais, nomeadamente todas as correspondências, restrições ou outras circunstâncias que possam haver entre o banco e os acionistas e também informações comerciais que se prendem com riscos de crédito decorrente da exposição a determinados mercados como, por exemplo, o angolano.
Em fevereiro deste ano, o JE noticiou em primeira mão a existência de vários interessados na compra do EuroBic, que lançou um processo competitivo, em janeiro, para ultrapassar obstáculos na venda do banco que é detido,
maioritariamente, pela empresária angolana Isabel dos Santos, que viu a sua posição de 42,5% arrestada pelos tribunais.
O Novobanco, o Banco CTT, os fundos norte-americanos Apollo e J.C. Flowers, foram as entidades que integraram a short-list de potenciais compradores de 52,5% do Eurobic que poderá ser alienada pelos principais acionistas: Fernando Teles (37,5%) e mais três acionistas minoritários, cada um com 5% do capital. O banco liderado por António Ramalho está a ser apoiado neste processo pelo fundo Lone Star, que detém 75% do Novo Banco, estando os restantes 25% nas mãos do Fundo de Resolução, a entidade responsável pelas injeções de capital no banco. Na fase inicial do processo de venda, o espanhol Abanca não participou no concurso ainda que mantendo o EuroBic no radar.
Em julho, o Banco CTT e o fundo J.C. Flower acabaram por ficar de fora da corrida ao EuroBic. O Novobanco e o fundo Apollo foram assim as duas entidades selecionadas para passar à segunda fase do processo de venda do EuroBic que passa pelo acesso a dados determinantes para desenharem as ofertas vinculativas (binding offers). Fontes do setor asseguram que o Abanca terá, entretanto, regressado formalmente à corrida, depois de no ano passado ter desistido da compra do EuroBic.