A Universidade de Aveiro inaugura esta sexta-feira o Laboratório de Ressonância Magnética Nuclear (RMN), culminando uma aposta de décadas na utilização da técnica da ressonância magnética nuclear na área não médica.
"Este laboratório possui valências únicas", afirma João Rocha, responsável pelo Centro Português de Ressonância Magnética Nuclear, ao Jornal Económico, salientando a excelência do Centro e a inovação que poderá alavancar, dando um contributo sólido para o futuro desenvolvimento do país. O mesmo responsável esclarece que no laboratório estudam-se sobretudo materiais. Materiais de diferentes tipos, para as tecnologias da comunicação, por exemplo, materiais que emitem luz, para a indústria químicas, para a farmacêutica e por aí fora.
O laboratório que vai ser inaugurado no campus de Santiago em Aveiro recebeu um conjunto de equipamentos que estavam no CICECO-Instituto de Materiais de Aveiro e no polo da Universidade do REQUIMTE - Laboratório Associado para a Química Verde (LAQV-REQUIMTE) e um "brinquinho" que aguardava para ser instalado: o Dynamic Nuclear Polarisation - Nuclear Magnetic Resonance (DNP-NMR) – RMN na sigla em português. Custou dois milhões de euros e foi financiado pelo COMPETE, Fundação para a Ciência e Tecnologia e da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Centro.
"Só há 50 equipamentos destes mundo. Um no Reino Unido, um no Canadá, um na Austrália, dois no Japão, uma dezena nos Estados Unidos...", adianta João Rocha, que é doutorado nesta área pela Universidade de Cambridge. "Este equipamento com os outros que transitaram do CICECO tornam este laboratório absolutamente único no contexto da Península Ibérica e um dos poucos a nível mundial que tem todas estas valências".
Na avaliação de João Rocha, só o investimento em equipamento, a preços de hoje, representa qualquer coisa como entre oito a nove milhões de euros.
"Não caiu do nada e não me refiro apenas ao dinheiro. Desde 1991 que na Universidade de Aveiro fazemos investigação nesta área. Houve todo um percurso de décadas de formação de pessoas", adianta.
O laboratório da UA vai integrar o Centro Português de RMN que envolve a parceria alargada de várias instituições de ensino superior e faz parte, na componente de caraterização de sólidos, da rede PANACEA: Pan-European Solid-State NMR Infrastructure for Chemistry-Enabling Access, que integra sete centros europeus e um americano congénere e duas empresas.
A ciência tem um papel capital na mudança da base tecnológica do país, mas o investimento público continua curto. Recentemente o reitor da UA, Paulo Jorge Ferreira referia ao JE a propósito do financiamento plurianual das unidades de investigação e laboratórios associados, cuja avaliação deverá avançar este ano, que "o financiamento anual anunciado é igual ao de 2019. Em termos efetivos, isto é um corte orçamental, que limitará a capacidade de investigação e inovação do país", salientava.
Este prodígio da ciência e da tecnologia leva o primeiro-ministro, Luís Montenegro, à Universidade de Aveiro esta sexta-feira, um dia de celebração na Universidade que termina com um concerto de Rui Veloso, na Nave, o outro edifício que se inaugura no mesmo dia.
Nave Multiusos Caixa UA é o nome dado à nova infraestrutura, fazendo jus à parceria com a Caixa Geral de Depósitos.
A infraestrutura está localizada na zona desportiva sul do Campus de Santiago, funcionando quase como um prolongamento desta. Ocupa uma área de construção de 7000m2 e tem duas grandes entradas: uma destinada à sociedade, aberta em dias de concertos, espetáculos e feiras, e outra, situada perto do depósito da água, destinada aos estudantes-atletas, com ligação ao corpo de balneários.
O equipamento inclui uma nave central com um campo, uma sala de primeiros socorros, uma sala antidoping, e o corpo de balneários. Estes últimos “desenhados em função do desporto coletivo”, explicou o pró-reitor para o desporto, Manuel Senos Matias.
A nave foi arquitetada por uma equipa do GabCampi, gabinete de arquitetura da UA, com coordenação do arquiteto Joaquim Oliveira.