O que acontece quando o mentor da banda The Cinematic Orchestra é desafiado a criar a banda sonora para a “experiência de comunicação cinemática” que é “Man With a Movie Camera”?
Acontece uma explosão de ideias e sonoridades que Jason Swinscoe e a sua banda transformaram num álbum que é uma performance única e uma homenagem a Dziga Vertov, o realizador soviético que assinou este documentário, considerado por muitos, nomeadamente pelo British Film Institute, como um dos maiores filmes de todos os tempos, cerca de 100 anos após a sua criação.
Vinte anos depois, o disco que a banda criou no âmbito do Porto Cidade Europeia da Cultura, em 2001, será interpretado em três palcos, três cidades: Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães, no dia 28 de outubro; Casa da Música, no Porto, dia 29; e Aula Magna, em Lisboa, dia 30 de outubro.
Vinte anos depois da histórica atuação no Coliseu do Porto, que terminou com a ovação de 3.500 pessoas de pé, espera-se que a atuação seja tão surpreendente como aquela primeira vez, naquela que é uma extraordinária ilustração sonora do manifesto de Dziga Vertov, o realizador mais radical e futurista da vanguarda soviética dos anos 20, onde predomina a força da montagem e dos efeitos experimentais.
“O Homem da Câmara de Filmar” é um diário de um operador de câmara que filma, de modo documental, aquilo com que se depara em lugares públicos, como ruas, fábricas, salas de espetáculos e linhas de caminhos de ferro, entre outros. Este diário filmado em 1929 inicia-se com um alerta. “Atenção espetadores. Este filme é uma experiência de comunicação cinemática de acontecimentos reais”. Sem qualquer tipo de ajuda, como intertítulos, história ou atores.
Resultado? Um filme livre de espartilhos ou cânones do teatro ou da literatura, construído a partir de imagens da vida quotidiana das cidades de Kiev, Moscovo e Odessa. Uma narrativa universal que pode ser ouvida “live” nos três palcos onde se vão celebrar os 20 anos do álbum “Man With a Movie Camera”.