Do 25 de Abril à atualidade realizaram-se em Portugal 17 eleições legislativas, incluindo as da Constituinte em 1975. A instabilidade política pós-revolução ditou uma sucessão frenética de governos – provisórios, minoritários, maioritários, em coligação ou de iniciativa presidencial. Quase todos relativamente fugazes. Desde 1976, só seis governos chegaram ao fim da legislatura, o que também se explica pela escassez de maiorias absolutas: apenas seis conquistadas nas urnas e quatro fruto de coligações na Assembleia da República.
Um país colado a fita-cola
As eleições são a expressão máxima do exercício democrático pelos cidadãos. É assim desde o século V a.C., quando na cidade-Estado de Atenas se começou a implementar a prática do voto. Mas as democracias liberais não se esgotam no sufrágio universal. As eleições não são o Alfa e o Ómega de um sistema que tem outras fontes de legitimação política e outras formas de participação cívica. Daí que o recurso às urnas não seja, forçosamente, a solução para as crises políticas.
