Os líderes europeus chegaram a acordo esta terça-feira quanto ao sexto pacote de sanções a impor à Rússia, que inclui um embargo parcial às exportações de petróleo daquele país, embora este entre em vigor apenas daqui por seis meses.
Depois de um mês de negociações, os Estados-membros da UE chegaram a acordo quanto a um embargo mais suave do que inicialmente proposto ao crude proveniente da Rússia. A ideia inicial era banir todas as importações por países do bloco comunitário de bens e produtos energéticos russos, mas a intenção encontrou forte oposição da Hungria, República Checa e Eslováquia, países muito dependentes do ‘ouro negro’ vindo de leste.
A proposta passou assim a abranger apenas as importações marítimas de petróleo russo, isentando as compras por pipeline, de forma a assegurar o apoio dos referidos três Estados-membros
. Esta interdição entrará em vigor no final do ano e abrange dois terços do crude vindo da Rússia que chega ao mercado europeu. Acresce a esta a interdição de compras de derivados de crude que vigorará daqui por oito meses.
Apesar da isenção do fornecimento por pipeline do acordo, Alemanha e Polónia comprometeram-se a trabalhar para terminar as compras por esta via, o que significaria um impacto ainda maior, visto que estes dois países são os maiores destinatários na Europa das vendas de Moscovo por oleoduto.
Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, falou mesmo em “90% das importações pela UE de petróleo russo cortadas até ao final do ano”, contabilizando os esforços alemão e polaco.
Por esclarecer está saber quando expiram as exceções criadas para as compras por oleoduto e se Alemanha e Polónia cumprirão com as intenções expressas. Aquando do anúncio do novo pacote de sanções, Bruxelas não precisou durante quanto tempo vigoraria a exceção pedida por húngaros, checos e eslovacos. E ainda, em linha com o afirmado por oficiais russos, a que desconto os fluxos que deixarão de entrar na Europa serão redirecionados para outras economias. O fim do confinamento em Xangai deverá impulsionar a procura chinesa no curto-prazo, recuperando o que tem sido dos melhores clientes do sector petrolífero russo (16% das suas importações vêm da Rússia), enquanto a Índia já manifestou intenções de aumentar as compras de petróleo a Moscovo.
Outro elemento relevante nesta equação prende-se com a abertura da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) em acelerar a produção. Sendo a Rússia um membro da organização, afigura-se como improvável que os pedidos ocidentais sejam correspondidos; acresce a isto a resistência, desde o crash causado pela Covid, em aumentar o ritmo de produção.
A capacidade de reserva dos países da OPEP também não parece ser muita, segundo o banco ING, centrando-se sobretudo na Arábia Saudita e nos Emirados Árabes Unidos. Um aumento do seu output poderia gerar preocupações com a vulnerabilidade do mercado perante uma capacidade de reserva em queda, argumentam. Um fator que pode ajudar na limitação das subidas seria a reentrada do petróleo iraniano em circulação, condicional à obtenção de novo acordo sobre o seu programa nuclear. Também a oferta norte-americana tem vindo a crescer, contribuindo para uma possível estabilização do mercado em 2023, projeta o ING.