O ministro dos Negócios Estrangeiros da Turquia, Hakan Fidan, reuniu com o seu homólogo russo, Sergei Lavrov, para, antes de uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas, discutir questões do Oriente Médio. Os dois chefes da diplomacia mantiveram discussões a portas fechadas, deixando saber apenas os temas que seriam conversados. Mas o Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse mais tarde que a reunião se concentrou na Faixa de Gaza, na Síria e "na situação tensa" no Mar Vermelho. Os observadores não acreditam que a Ucrânia tivesse ficado de fora da agenda. Fidan e Lavrov também discutiram questões energéticas, bem como "próximos contatos bilaterais". Recorde-se que, em dezembro, o Kremlin disse que o presidente russo, Vladimir Putin, pode visitar a Turquia, um país da NATO, no início deste ano.
A posição de Ancara sobre a Palestina levou a uma deterioração dos laços com Israel, embora os dois lados tenham tomado medidas mútuas para um degelo antes do início do conflito a 7 de outubro passado. O presidente Recep Tayyip Erdogan já declarou Israel "um Estado terrorista" por causa dos bombardeamentos indiscriminados e o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu como o "carniceiro de Gaza". Também descreveu o Hamas como uma "organização de libertação", para desgosto dos Estados Unidos e da União Europeia, que o classificam como uma organização terrorista.
Entretanto, estão em andamento os preparativos para a visita do presidente russo à Turquia, informou o Kremlin esta terça-feira. "Contatos de alto nível entre a Rússia e a Turquia estão na agenda", disse o porta-voz Dmitriy Peskov em Moscovo, citado pela imprensa do país, garantindo que a Rússia fará o anúncio formal do encontro "assim que os dois líderes concordarem com a data da visita".
Esta semana, a imprensa turca especulava que a visitar pode acontecer em meados de fevereiro. Seria a primeira viagem de Putin a um país da NATO desde que lançou a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022.
Putin e o presidente turco Recep Erdogan reuniram pela última vez na cidade russa de Sochi em setembro passado, após Ancara aprovar a tão esperada candidatura da Suécia à NATO e um mês depois de Moscovo suspender o acordo-chave que permitiu à Ucrânia exportar grãos e outras commodities de três portos do Mar Negro.
Ancara e Moscovo estão em desacordo relativamente à questão da Síria, onde a Rússia apoia o regime do presidente Bashar al-Assad e a Turquia suporta a oposição. Desde o ano passado, o Irão e a Rússia pressionam para uma normalização das relações entre a Turquia e a Síria, organizando negociações ao nível dos ministros das Relações Exteriores. Mas as coisas não têm corrido pelo melhor: o regime sírio afirma que restaurar os laços com a Turquia só acontecerá quando o exército turco deixar o solo sírio. Por seu lado, Ancara alega questões de segurança para se manter na Síria, afirmando que é a única forma de ‘calar’ os curdos do PKK e as suas diversas organizações pró-militares.
Da extensa atividade diplomática da Turquia – uma ‘marca de água’ de Erdogan – consta também uma visita a Ancara do presidente do governo iraniano, diversas vezes adiada. O encontro deverá acontecer esta quarta-feira, 24 de janeiro. Ebrahim Raisi estará na Turquia apenas por um dia e as consequências regionais do conflito israelita-palestiniano estão no topo da agenda comum. A agência de notícias oficial iraniana, a IRNA, adiantou que Raisi comandaria uma "delegação política e económica de alto nível".
A visita ocorre numa altura em que crescem os temores sobre as implicações da guerra na Palestina. Os dois líderes debateram anteriormente, por telefone, os passos para um cessar-fogo permanente em Gaza, com Erdogan a enfatizar a importância de o mundo muçulmano adotar uma "postura comum contra as atrocidades israelitas".